Mergulha em mim

Deixou claro que queria ser poesia

minha.

Mergulha em mim, então.

Roça toda essa sarda salpicada do teu rosto no meu

pescoço.

Despeja esse corpo áspero,

austero

e cansado,

sob o meu.

Balbucia esse teu vocabulário todo chulo no meu ouvido. Incompreendido.

Ou essa tua vivaz capacidade em dizer

que quer ser poesia

(e) minha.

Jubila meu sonido,

afaga meu cansaço,

enxarca meu ombro,

meus olhos.

Preenche minha mão.

Meu vão. Coração.

Colore essa vontade, faz realidade,

pinta tua tatuagem na cera do meu chão.

Risca essa linha que falta no meu verso,

deita perto, seja leito.

Acalma esse soluçar

antes do céu desabar

ou então deixa-se confessar

toda essa bagagem

ou bobagens

com o olhar.

Faz acontecer

pra então ser

poesia (e) minha.