Desde quando você se foi

Quatro ou cinco anos se passaram e ainda sonho com os momentos que deixamos de viver. Sob a rotina do dia a dia, ainda por descuido da razão, penso na boca quase sagrada, prometida ao coração virgem de um ancião de amores. Penso na primeira vez que selaríamos o amor como um pacto, no arrepio dorsal com o primeiro encontro, no conforto dos teus braços. Soltou minha mão, me vi sozinho com o anseio do retorno. Sonhos que se esfarelaram pelos anos, aqueles passos que nunca foram dados pelos teus lugares preferidos ficaram esquecidos, aquele café amargo que descia pela tua garganta ao olhar o céu de repente se tornou o gosto da minha boca pela manhã. De um amor para uma lembrança quase de infância; esquecida. Sonho com os carinhos, com aqueles sorrisos que você me prometeu pela manhã, com o teu desastre na cozinha... O amor ficou aos sonhos. Teu sorriso perpetua meus momentos de felicidade como a foto antiga que traz as boas lembranças. Me questiono sobre o que aconteceu com todos aqueles planos, se avistei a lua quando só havia sol ou se enxerguei a luz onde existia sombra. Desde o perfume que em cartas me dava alergia, desde o timbre agudo da sua risada, desde o seu velho violão desafinado... fez amar. Em troca, selvagem, você só soube me dizer que o seu destino era longe daqui.

Bettanin
Enviado por Bettanin em 22/01/2015
Código do texto: T5110924
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