TORMENTOS EM DOSE DUPLA
Na trajetória da nossa vida, todos nós somos atormentados por poderosos inimigos: Narciso, Apolo, Baco, Eros, Afrodite, os quais se associam à cobiça, orgulho, inveja e cólera, convertendo-se em inimigos gigantes. Eles são extremamente experientes e astutos, (são muito velhos) e conhecem com a maior profundidade as nossas fraquezas, sabendo muito bem como explorá-las. Por incrível que pareça, o maior combatente desses poderosos inimigos não é o “Super Homem”, mas uma frágil e linda morena, com o cheiro das essências florais, meiga, gentil e doce como o mel. Ela se chama Sophia, e o lugar onde habita é um majestoso Palácio que se chama Theosophia, lá no alto das colinas. Ela diz: “Eu sou morena, mas agradável, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as cortinas de Salomão. Não olheis para o eu ser morena, porque o sol resplandeceu sobre mim. Eu sou a Rosa de Sarom, o lírio dos vales. E diz o Esposo: Jardim fechado és tu, irmã minha, esposa minha, manancial fechado, fonte selada. Os teus renovos são um pomar de romãs, com frutos excelentes. És a fonte dos jardins, poço das águas vivas, que correm do Líbano”. Entretanto, o caminho para o Palácio é íngreme e muito acidentado, cheio de obstáculos, exigindo muita determinação dos pretendentes a entrevistar-se com Sophia, especialmente dos mais jovens, com menos experiência na escalada das montanhas da vida. A vantagem da velhice, é que a estrada que ficou para trás é mais longa, e que os eventos comuns aos seres humanos ficaram pelo caminho, deixando os ferimentos das experiências, os quais, no decurso do tempo, vão se cicatrizando, tornando, porém, os indivíduos mais semelhantes uns aos outros, mais conscientes das suas (nossas) misérias. Os mais jovens e inquietos sofrem mais, buscando o sentido da vida, pois eles têm mais agilidade física, mas faltam-lhes os ferimentos das experiências, em razão da sua imaturidade, que lhes retarda a obtenção do conhecimento. Para complicar ainda mais, a linda morena Sophia não se encontra na Razão, mas no Espírito! E ainda mais: a tarefa de procurá-la à exaustão é nossa, mas é Ela que decide quando deverá se nos apresentar. Todavia, há que preparar-se, pois se Ela se apresentar, passaremos a ter outro tipo de tormento: “Os tormentos pela retenção do conhecimento, que não pode ser expandido, são maiores do que os tormentos pela impotência de impedir a expansão da ignorância”.(Dossi) Assim, devemos nos preparar para sermos bons administradores de tormentos, pois os sofreremos tanto por conhecer, como por não conhecer. Creio, porém, que é melhor sofrê-los conhecendo. Devemos seguir em frente, sem desanimar, combatendo com firmeza os nossos tormentos, sempre rumo ao Palácio, e qualquer dia, para nossa surpresa, encontraremos a bela morena Sophia sentada à nossa porta!
Jeremias 33; 3- Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes, que não sabes.
Por onde começar a escalada da colina? Pode ser pelos livros: (Sabedoria 6;14,15 / 7;1ª30 / 8;1ª21 e 9;1ª19) (Eclesiástico 6;18 a 37 e 24;1 a 47) e também (I Coríntios 2;14,15), e seguir em frente. A estrada é longa! Mas o "cheiro" da Sophia é atraente e reanimador!