Bilhete

Escrevi sobre você no meu caderno de folhas amarelas. Não sei se já foram recicladas ou um amontoado de folhas amassadas, uma sopa de tudo que já foi usado sendo novamente amassado por minhas mãos ruins. Perdão, mas acontece que Não quero desperdiçar uma palavra que seja, - minúscula, ínfima, 'ínha' - com um amor que terminou. Dizem que o amor nunca acaba, mas o nosso acabou. Te deixo esse bilhete, pois mais que isso não posso deixar; por mais que de meus pequenos olhos que se fecham com a facilidade de qualquer riso caiam ainda algumas lágrimas ao lembrar daquele adeus, não tenho mais nada a dizer e nenhum motivo para aqui ainda estar. Vai ficar em cima da mesa e você vai ver assim que chegar. Um bilhete em folha novinha, tão branca, limpinha, pequena e sem linhas, que escrevi sobre você no meu caderno de folhas amarelas e em seguida amassei todas aquelas palavras como tua imagem em minhas mãos.

ps. ainda tem roupa tua no meu armário de roupas, faça o favor de buscar.

J G Verbena
Enviado por J G Verbena em 19/01/2015
Código do texto: T5107503
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