O Domínio da Força
Qual é nossa postura diante da vida? Sentimo-nos ameaçados pelos desafios e infortúnios? Do que temos medo? Muito tem sido dito sobre força interior, força de vontade e sobre a ânsia de vencer. Porém, todos temos que enfrentar nossas debilidades e lidar com elas. Sentir-se fraco em determinados momentos não é vergonhoso, mas certamente devemos tomar uma atitude.
Eu já havia escrito sobre uma característica psicológica muito arraigada na psique humana: a filáucia, que significa um amor exagerado e irracional de si mesmo, um amor de si contra si. Tal característica nos leva a buscar o prazer e fugir da dor. É interessante notar que, a partir da filáucia, surgem dois elementos psicológicos muito perigosos: o medo e a escravidão do prazer.
Existem os prazeres saudáveis da vida: uma boa comida, um fim de semana na praia, a companhia da pessoa amada, etc. Eles são lícitos e perfeitamente desejáveis. Mas tudo isso é algo completamente distinto da escravidão do prazer. Esta última nos leva a colocar no centro de nossas vidas o objeto de nossa satisfação e assim nos tornamos dependentes dele para experimentarmos uma paz meramente temporária.
Por outro lado, deparamo-nos com o medo do sofrimento. Tal sentimento tem várias raízes. Uma delas é nossa identificação com o corpo físico (como se fóssemos tão somente criaturas de carne) e com o conteúdo de nossa mente, a qual nos dá uma falsa identidade. Mas como entender isso? Ao longo de nossas existências, recebemos continuamente impressões por meio dos cinco sentidos físicos. Os elogios, as críticas, as bajulações, as ofensas, as expectativas alheias, ou seja, o resultado da interação com outros seres humanos têm se acumulado em nossas mentes, de modo subconsciente. A partir desse conteúdo e das nossas vivências de um modo geral formulamos conceitos sobre nós mesmos e sobre o mundo. Por exemplo, há pessoas que frequentemente se sentem vítimas das circunstâncias e crêem que as pessoas em sua maioria sejam más e traiçoeiras.
O segredo do triunfo não está em evitar o sofrimento e muito menos em obter prazer. O princípio do triunfo se encontra no AUTODOMÍNIO, a partir do qual podemos permanecer sóbrios e serenos diante da dor e usufruir de todas as dádivas que a vida possa oferecer, porém sempre com temperança. Enquanto espíritos imortais nos manifestamos temporariamente neste mundo. Não sabemos quanto durará nosso tempo aqui. Temos mais alguns anos? Alguns dias? Estaria nosso momento derradeiro nos aguardando no final do dia?
Nossa força deve crescer diante dessa iminência do fim. Cada segundo é precioso. Devemos encontrar a profunda razão de nossas existências, um princípio infinitamente maior do que nossas humanas personalidades, aquele princípio que propicia cada respiração e sustenta o Universo no seu dinamismo irrefreável. A partir de então, começaremos a compreender o domínio da força interior.