Plenamente feliz???

Ser plena e totalmente feliz, em essência, é impossível, ou pelo menos é o que penso, o que entendo, e o que consigo compreender da realidade do viver que realizo; necessitaríamos de certo, ou grande, grau de alienação quanto a realidade do que aqui está, em relação a experiência de vida dos outros, ou pior ainda, deveríamos ser já desumanos em plena essência do ser, para que a dor e o sofrimento dos outros não nos causasse incomodo e revolta alguma. Entendo, entretanto, que estar parcialmente feliz é possível, e não deve ser encarado como desumanidade.

Somente os sábios, talvez, pudessem encontrar a felicidade plena. Como não creio em sábios, não creio assim ser possível realizar uma felicidade plena, eternamente contínua, a menos para aqueles alienados, omissos, ou naturalmente desumanos, como já comentado anteriormente. Para estes a felicidade nada soma, pois não os pode humanizar, ou melhor, a humanidade é por si só, para estes, algo sem sentido e sem força de realização, é algo vaidoso e prepotente, que diz respeito somente a eles, como se a felicidade fosse algo de propriedade e não decorrente ou derivada da convivência humana e social. Em nossa parcial felicidade, em média, vivemos momentos felizes e tristes, na maioria de nós, é possível vivermos mais momentos alegres do que tristes, mas nossa existência sempre terá encontros marcados com o sofrimento, a dor, a revolta, e a tristeza, e nos cabe somente superá-los, não sublimá-los, e aprender com eles, e crescer com eles, não necessária ou unicamente pelo nosso bem, mas também pelo bem social e humano.

 
Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 19/01/2015
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