Uma questão de valores

Na minha forma de entendimento nenhum Estado tem o direito de matar um ser humano, visto que os Estados são organizados justamente para proteger as pessoas, inclusive de si mesmas. Pelo menos é o objetivo deles, mas francamente...

Se alguém é um sociopata violento e perigoso, que seja contido e mantido preso para que ninguém se machuque, é suficiente. O custo deste aparato é só uma questão de dinheiro e administração honesta, é possível. Ou dinheiro vale mais que um ser humano? Mesmo um canalha que não valha nada tem preferência neste caso, o dinheiro é um objeto, enquanto nós temos espíritos.

Para quem acha que isto é coisa de macho, afirmo-lhe ser o contrário. Quem tem coragem prefere a paz, e apenas recorre à violência em caso de ser atacado. Quem ataca um semelhante já dominado, além de não ter razão, demonstra que tem medo. O medo é o pai do ódio.

Aceito a aplicação de prisão perpétua, mas pena de morte nunca, mesmo se for um sangue ruim de filme de terror, matá-lo friamente enquanto ele está amarrado e com um saco na cabeça é igualar-se à ele. Quem ensina a quem se for assim? Para punir um bandido torna-se frio, assassino. Vale a pena tomar tal caminho e se destruir junto com o bandido?

Aos que defendem que a lei é a lei seja qual for seu teor, explico-lhes que nenhuma lei injusta deve ser respeitada, elas devem ser combatidas e erradicadas, pois somente assim pode evoluir qualquer sociedade. Não o fizéssemos para romper com o passado, ainda haveriam escravos, por exemplo. A emoção da vingança seria superior à razão e à consciência? Seria mais justa?

Ademais, imaginem historicamente quantas pessoas já foram injustamente incriminadas, até de forma proposital, inclusive. E por acaso os juízes de direito são deuses que estão livres de cometer erros? Seriam livres de preconceitos? Não, são homens imperfeitos como todos os outros. Imaginem se algum dia um júri não foi influenciado por um promotor habilidoso tendo em frente um advogado inapto, imaginem se o condenado fosse o seu filho. A morte é irreversível.

Eu apoio a Declaração Universal dos Direitos Humanos em sua totalidade e não aceito execuções mortais por uma questão de valores. Se as pessoas tem um cachorro que morde, elas matam ele? Não, geralmente elas prendem ele porque matar é crueldade. E gente, vale menos? Que valores são estes?

E por fim, para quem defende com tanta veemência a pena de morte para qualquer pessoa de quem não goste, tenha medo ou preconceito, mesmo que ele não seja um assassino, ou se você se diverte quando alguém é executado, cuidado! Olhe-se no espelho. Talvez você mesmo seja do pior tipo de sociopata, dos que preferem o sangue à justiça e precise de ajuda psiquiátrica, ou poderá a qualquer hora, acabar numa cadeira elétrica.

Ricardo Selva
Enviado por Ricardo Selva em 18/01/2015
Reeditado em 18/01/2015
Código do texto: T5105478
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