Eu recomendo o silêncio

Em qualquer metrópole hoje em dia, um dos itens mais raros de se encontrar é o silêncio, mas eu consegui encontrar um local e um horário em que aproveito a companhia desta preciosidade.

Durante a madrugada, em uma lage da minha casa coloquei uma cadeira de praia, e enquanto o silêncio impera, eu consigo escutar o vento, seu mais nobre mensageiro, que vem ao meu encontro regularmente para reajustar minha mente.

Às vezes um motor a combustão nos interrompe por uns segundos, mas com esta crise econômica e o preço da gasolina, isto pouco acontece, bendita crise econômica.

Agora mesmo o silêncio me faz companhia, enquanto eu faço o uso das palavras para expressar o que eu sinto, deixar o registro deste momento para quando eu estiver idoso e o meu cérebro desorganizado e cheio de falhas na memória.

Escrevo para que eu possa recordar-me de quem eu fui, de como era o mundo nos dias em que eu fui novo, e também para que outros possam conhecer um pouco dos meus pensamentos, e não se esquecerem de que um dia estive vivo aqui mesmo, ri, chorei, fui só mais um ser humano em busca de algum entendimento sobre este Universo que se fez de minha residência. Escrevo para me ver de longe, sob uma perspectiva diferente, para me conhecer melhor, quiçá para me ensinar alguma coisa. Pode parecer estranho, mas eu garanto que funciona.

Hoje o dia foi pesado demais com todo este terror se desenrolando, porém agora estou relaxado e me deleito com a Lua lá no alto. Foi o silêncio que trouxe uma paz de espírito e a estamos usufruindo, quietos, mudos, introspectivos.

Tem momentos em que some tudo, nenhum problema cabeludo consegue chegar perto do meu telhado e eu me aproveito disto. Eu recomendo procurar o silêncio às vezes, ele é um ótimo conselheiro.