FACEBOOK: PARADOXO - MAIS UM - EM MIM



 
     Desde o dia 08 de janeiro estou no facebook e nestes poucos dias já são mais de 370 amigos, muitos do Recanto, boa parte de pessoas da família, parentes com quem não tenho contato há muito, muito tempo, pessoas de outros espaços da minha vida, bem como  também as que estou conhecendo agora.
     Como vivo sempre, quase todo o tempo, ilhada aqui dentro deste apartamento, em um silêncio só quebrado por som de rádio e TV  e por algum telefonema, de repente o fato de ter contato com tantas pessoas para além das do Recanto, de retomar contatos, agora de modo  virtual, com seres de minha vida inteira, ao mesmo tempo que tem me trazido alegria, tem me trazido também, múltiplas e fundas recordações de outras épocas, épocas demasiado diversas desse tempo em que vivo já há muito. Como não posso ir ao encontro real de nenhuma dessas pessoas, de repente estou me sentindo um ser mais virtual do que nunca. E isso é causa de um desarvoramento maior ainda do que aquele em que já vivo porque eu, que nasci para estar no mundo, que nasci para o olho-no-olho, mais do que nunca sinto, ao lado de alegria, o paradoxal sentimento de viver em um mundo paralelo do qual nunca mais terei saída.
     Perdoem-me amigos: sem vocês, sem a presença de vocês, tudo seria um quase absoluto sem-sentido, porque o que eu sou nunca pode caber dentro dessas paredes. A que precisa caber aqui todo o tempo é uma outra de mim. Às duas, porém, cabe aceitar o destino que lhes foi reservado, até o fim. Elas, certamente, seja lá como for, o haverão de cumprir.   





Nota. Embora saiba que isso é meio difícil, gostaria que esse texto não extrapolasse os espaços do Recanto, já que eu só vou publicá-lo aqui. Se extrapolasse este espaço talvez fosse mal compreendido em outros locais e, afinal, eu estou contente (embora de modo paradoxal) por ter entrado para o facebook.

Sempre muito obrigada, amigos.