A busca (idiota) pela perfeição

A perfeição me persegue. É como uma peste que cresce ao meu redor e aos poucos me suga.

E não adianta correr. Por todos os lados, seres superiores tentam agarrar-me com suas epidermes infestadas desse mal. Sufocam-me. E eu não quero isso. E no entanto, quando menos percebo, estou ali, de joelhos, dobrada à perseguição mais absurda que existe.

As pessoas não deveriam tentar ser perfeitas. Porque cada ser é único, cada ser é incrivelmente complexo em suas multifacetas. Perfeição, bah! É um pretexto? Para acusar o outro de não ser igual à você, de não atender às suas expectativas? É um escudo? Para manter as pessoas que te amam realmente distantes de você? Ou é um desejo profundo de sua alma de encontrar alguém que diga “Não, você não é perfeito, mas eu o amo mesmo assim.” ?

Você vai à feira, comprar frutas. Aquelas que têm uma manchinha aqui e ali, você descarta. Qual escolhe? A de aparência perfeita. Você vai andando na rua. Encontra dois sujeitos. Um maltrapilho e um vestido num terno. Em quem você confiaria? Naquele de aparência perfeita. E o que acontece aos que não são perfeitos? Excluímos. Tratamos mal. Deixamos de lado. Tolice.

Eu não consigo ser perfeita. Grito, berro e xingo quando algo dá errado. Choro e me fecho em meu mundo quando me aborreço. Fico sensível à dor dos outros. Preocupo-me com o mundo e com a natureza. Sou frágil como uma borboleta e ao mesmo tempo grossa como coice de cavalo. É a minha essência. O que me difere dos demais.

Que bom seria se as pessoas compreendessem que é na imperfeição que se escondem as maiores qualidades. É nas arestas do diamante que se esconde o maior brilho. No alto dos picos mais íngremes do mundo estão as mais belas paisagens. E no mais profundo dos silêncios, as almas mais tranquilas.

E só o que me pergunto é, como podem exigir a perfeição, se eles mesmos não o são?

Dark Moon
Enviado por Dark Moon em 14/01/2015
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