Um quê de felicidade
Vem a noite, depois a madrugada, é quando novamente tornei a pensar:
- Talvez hoje verei uma manhã linda, seu esplendor me enlevará até o firmamento. Bem mais longe do que minha mente possa decifrar, aquele sol! Seu calor, sua luz incrivelmente belíssima, detalhando tudo, desde o capim orvalhado até inúmeras pétalas de flores, com beija-flores (ainda existem beija-flores) contemplando-as, beijando-as, enfim, todas espécies de seres desfrutando como nós humanos este espetáculo de viver.
Estes momentos me permitiu pensar, pensamentos fluíam sem que pudesse pará-los, indagava naquele monólogo que podia ser até estranho, o porque do nosso viver, o porque das felicidades, das inevitáveis tristezas. Neste instante me veio uma resposta arrasante, não sei se meu cérebro a formulou por causa de minha ânsia em saber ou algo misterioso me soprou na minha emaranhada mente:
- Há se os humanos pudessem aproveitar o que lhes estão à disposição!
- o que está à nossa disposição? (minha mente queria respostas)
A resposta veio me fazendo uma comparação: me fez retornar à minha infância, eu menino mal estava despontando para a vida, deitado na minha cama esperando amanhecer, sabia que de manhã pudesse desfrutar das belezas que a luz do sol permite que as vejamos, não só isso, correr pelos pastos imensos no meio de inúmeros seres.
Só que a manhã veio e se eu não enxergasse nada, a primeira pessoa que estavesse na minha frente fosse minha mãe, escutasse a tua voz, mas se não a vesse também. Desesperado perguntasse:
- mãe, ainda não amanheceu, porque não estou vendo nem a senhora?
E percebesse que com sentidas lágrimas minha mãe respondesse:
- filho, você está cego, pode ser passageiro mas está.
Se o tempo passasse e eu naquela escuridão imensa pensasse o quanto era feliz quando pelo intermédio da luz via as belezas existentes.
E nestes emaranhados na mente eu desesperado perguntasse à minha mãe, o único ser que estivesse na minha frente:
- e agora, mãe, o que faço pra ser feliz?
Minha mãe, aliás toda mãe deve ser sábia nestes momentos, me dissesse:
- filho, a felicidade continua à disposição de todos nós, enquanto eu viver vou procurar ajudar a encontra-la.
Novamente na realidade adulta pude notar que a manhã veio repleta de luminosidade, eu novamente a pensar de quantos humanos não desfrutam de sua felicidade!!!...