Até as notas musicais necessitam de silêncio
As pernas balançam e indicam certa inquietação. O movimento precisa fazer parte do seu dia, mesmo que por poucos minutos. A pena do brinco faz um leve movimento causado pela brisa. O ventilador nestes dias quentes não pode parar. Ela anda para pegar um pouco de água gelada e aliviar o calor. As frases parecem perdidas no tempo. São curtas. Mas não estão fora de sintonia. Só demonstram a rapidez com a qual as palavras lhe vem. Digo-lhes que não deve ser fácil querer de tudo e mais um pouco. Acredito ser enriquecedor e fascinante , mas às vezes esse ritmo agitado também é enlouquecedor. Dois livros, duas músicas, duas fotografias, dois desenhos, duas escritas, duas peças teatrais, dois filmes, parece que tudo lhe vem ao mesmo tempo. Pobre menina que briga com o relógio, mesmo já sendo uma mulher.
Uma pausa, outro parágrafo. Um ponto final. Uma respiração. Uma melodia silenciosa. Pare. É necessário que aquiete esse sangue efervescente que corre tanto pelo teu cérebro. Até as notas musicais necessitam do silêncio. Já disse Clarice Lispector, que não se empurra o barco com muita força, pois os ventos também ajudam na função do movimento e isto independe de ti. Assim deve ser a vida, derramada em parcimônia e calma.
Mas olha só, que antítese! Como uma yogini, seus mares param por algum tempo e admira a lentidão da brisa. Tudo termina no simples ato de parar e observar. E então reina a paz. Ainda bem que há essa calmaria. É a energia que ela necessita pra tornar vivo este ciclo, de querer tudo e desejar nada em tempos diferentes e no mesmo milésimo de segundo. A chuva não cai ainda, mas acontece uma renovação interna que há de se iniciar enquanto respirar. Muita imaginação e sonhos adentram e preenchem seu ser. Ela prefere ser assim: inquieta e calma.
Não existe forma melhor de se viver. Buscando sempre um pouco de conhecimento sobre tudo que sua curiosidade despertar.