UM MINUTO DE SILÊNCIO
Um minuto de silêncio
Pelos que gritaram por socorro
Sob a mira de revólveres de todos os calibres.
Um minuto de silêncio
Pelos que perderam a voz
De tanto gritar
Tentando ser vistos
Um minuto de silêncio
Diante dos megafones
Que tanto alertaram
Sobre o dia em que
O silêncio gritaria
Um minuto de silêncio
Para todas as palavras
Com duplos sentidos
Que em todos os sentidos
Anunciaram o caos.
Um minuto de silêncio é o bastante
Para quem passou a vida sem voz?
É o máximo que podemos oferecer?
[Um minuto de silêncio...]
Um minuto de silêncio já não é capaz
De homenagear os mortos.
Já não é capaz de, minimamente,
Silenciar a angústia que corrói o peito.
Um minuto de silêncio não satisfaz
A ânsia de vingar os que morreram
(ou os que irão morrer)
Ainda que não seja a morte
A melhor vingança.
O silêncio nunca foi a melhor arma.
Por outro lado,
Que seja negado o silêncio
E que os gritos sejam ouvidos.
Um, dez, quinze, cinquenta minutos
De palavras de ordem.
“sob os paralelepípedos, a praia!”
09.01.15 | um minuto de silêncio | Morticia Carangi