UM MINUTO DE SILÊNCIO

Um minuto de silêncio

Pelos que gritaram por socorro

Sob a mira de revólveres de todos os calibres.

Um minuto de silêncio

Pelos que perderam a voz

De tanto gritar

Tentando ser vistos

Um minuto de silêncio

Diante dos megafones

Que tanto alertaram

Sobre o dia em que

O silêncio gritaria

Um minuto de silêncio

Para todas as palavras

Com duplos sentidos

Que em todos os sentidos

Anunciaram o caos.

Um minuto de silêncio é o bastante

Para quem passou a vida sem voz?

É o máximo que podemos oferecer?

[Um minuto de silêncio...]

Um minuto de silêncio já não é capaz

De homenagear os mortos.

Já não é capaz de, minimamente,

Silenciar a angústia que corrói o peito.

Um minuto de silêncio não satisfaz

A ânsia de vingar os que morreram

(ou os que irão morrer)

Ainda que não seja a morte

A melhor vingança.

O silêncio nunca foi a melhor arma.

Por outro lado,

Que seja negado o silêncio

E que os gritos sejam ouvidos.

Um, dez, quinze, cinquenta minutos

De palavras de ordem.

“sob os paralelepípedos, a praia!”

09.01.15 | um minuto de silêncio | Morticia Carangi

Izabel Reinaldo
Enviado por Izabel Reinaldo em 09/01/2015
Código do texto: T5096168
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