Maior dos medos
Não me incomodo tanto com o silêncio, nem com o quarto vazio.
O lado desocupado da cama ja não me traz pesadelos.
Durante o dia, as horas vagas que restaram, os pequenos momentos que seriam registrados na memória da câmera fotográfica ( alguns pra mim no próprio instante insignificantes, mas que eram a razão de tudo ), as mensagens que não recebo mais... isso tudo não me deixa mais em pânico.
O que me apavora é saber que amanhã um novo dia vai surgir e você irá desfrutá-lo com todos, menos eu.
Me apavora a idéia de que existe vida além de nós, de que alguma amiga saiba hoje mais de você do que eu.
Tremo só de pensar que posso encontrar outro alguém, e você também, que me fará feliz, me fará rir, me fará seguir, de alguma forma que seja.
E me odeio - ah, como me odeio!- por te encontrar em tudo e em todos.
Se ouço uma música logo penso se você gostaria ou odiaria, e acabo ouvindo-a por lembrar-me você.
Ando pelas ruas observando tênis, quais são Nike, Puma, Adidas, qual seria a coleção, o que você acharia.
Me odeio por tentar te esquecer em outros. Outros braços, outros beijos, outros abraços... mas todos me remetem você. E por isso me odeio ainda mais. Se busco em alguém uma característica me que traga você, me odeio por isso. Se busco em alguém tudo que seja contrário a você, também me odeio, pois te fiz de parâmetro para tudo.
Odeio não conseguir esquecer seu perfume, seu aniversário, seu telefone, nossos beijos...
A primeira vez que nos vimos está cravejada em mim, nosso primeiro beijo foi o melhor de todos e me odeio por ter certeza disso.
Me aflige o medo te não te encontrar outra vez, mesmo que rapidamente ou até mesmo de longe... de todos os pânicos que trago comigo o maior de todos é esse: me tornar uma memória e tornar você em uma...