Desespero

Por um instante ele sentou na beira da calçada

Seu olhar vazio penetrava o nada

Enquanto tudo passava a sua frente

Ele imaginava como as coisas tinham chegado aquele ponto

Como um coração pode ser tão machucado

A ponto de querer desistir da vida

A ponto de não lhe restar esperanças

Os minutos foram passando e ele via que seu destino já não tinha jeito

Foi se lembrando das dores do mundo

Foi se esquecendo da essência do amor

Foi achando os pretextos, e desculpas mais mentirosas pra colocar a culpa em si mesmo

As vezes o seu coração se acalmava, era o caminho percorrido de uma lembrança a outra..

Enfim ele se levantou, dessa vez foram passando memórias boas em sua mente

Memórias de quando era uma criança, cheia de sonhos

Onde a maior preocupação era se o aviãozinho de papel voava tempo o suficiente

Ou quem pulava mais longe...

Se lembrou das vezes em que ficava até tarde acordado assistindo, e da adrenalina de acertar um passarinho com a pedra

Mas o barulho dos trilhos já estava se tornando ensurdecedor a essas alturas

Seus pensamentos estavam atordoados e a perda já machucava demais

Sua última lembrança então foi desaperecendo ao se lançar na frente daquela locomotiva desgovernada, e não havia arrependimento em meio aos seus últimos suspiros de vida

Assim terminou seu sofrimento neste mundo covarde, porque já não havia mais beleza nele aos seus olhos.

E então silêncio.

Gabriel Sant
Enviado por Gabriel Sant em 30/12/2014
Reeditado em 14/03/2016
Código do texto: T5085885
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