PENSAMENTOS DITOSOS

Houve um tempo (e não faz muito tempo) em que eu pensava que devia dizer tudo o que eu pensava, desde que eu estivesse certo e tivesse algo muito importante para ser dito. Hoje, porém, eu penso diferente: não se deve dizer tudo o que se pensa, ainda que o pensado seja bom ou belo. Digo isso baseado no que eu escrevo. Há pouco tempo, eu fiz um belo poema; chama-se "Divagação". Quase todos os dias, eu escrevo alguma coisa. No entanto, eu vejo que não devo mostrar tudo o que escrevo, mesmo que seja bom ou belo o que sai da minha interioridade e da minha mente. Hoje, não concordo mais com este pensamento de Voltaire: “O meu ofício é dizer o que penso”. Não devemos dizer tudo o que pensamos.

O homem avança em compreensão e sabedoria quando ele é capaz de selecionar o que ele deve dizer. Quem diz tudo o que pensa ainda não aprendeu a selecionar o que deve ser dito; ainda não está dizendo bem. Ademais, quem diz tudo é porque tem muito pouco para dizer. Quem tem muito para ser dito nunca dirá tudo que tem para dizer. Quando aprende a silenciar saudavelmente, o homem aprende a gostar de aprender.

A vida é uma oportunidade única que os seres humanos têm de estarem sempre aprendendo. É essa possibilidade de aprendizagem contínua que me leva a amar cada vez mais a vida. Eu fico estupefato diante da beleza da vida, diante das possibilidades de aprendizagem que a vida nos oferece.

Há tanta coisa bonita para ser vista! Há tanta coisa bonita para ser conhecida! Há tanta coisa para aprender! Perdemos muito tempo com aquilo que é insignificante. Realizar uma crítica é necessário, depende do momento e da necessidade. Contudo, a vida nos oferece e nos pede outras atitudes além das críticas. Fico olhando os meus livros, companheiros do dia a dia, onde encontro todos os sábios da humanidade, e vejo que os homens e mulheres se preocupam com aquilo que não os levam ao reconhecimento da beleza da vida e ao usufruto desta amável, única e louvável existência.

Eu vejo tantos livros na minha biblioteca, e me vejo impossibilitado de ler tudo o que vejo e tenho. A internet nos apresenta tanta coisa boa..., e nós, às vezes, nos perdemos em discussões frívolas ou em outras atitudes que não nos edificam: fofocas, intrigas, rivalidades, confusões, rancor, ódio, ciúme doentio, inveja, site de pornografia, de fofoca. Ainda não aprendemos a reconhecer o que a vida nos oferece.

Há tanta gente que gostaria de, neste momento, enxergar as pessoas, mas não pode. Há tanta gente que, neste momento, gostaria de ter alguma coisa para ler, mas não tem. Há tanta gente que gostaria de, neste momento, ter a saúde que temos, mas não tem. Há tanta que, neste momento, gostaria de ter a casa que temos, mas não tem. Temos tanto e, às vezes, não enxergamos o que temos. Ficamos preocupados com o que não temos. Valorizamos muito mais o que não temos do que o que temos. Por quê?

Não estou apregoando o conformismo. Somos alimentados pela busca, por ideais, desejos, sonhos. Ninguém deve parar de buscar sempre mais. O que eu ressalto é que é importante reconhecermos o que temos e somos.

Que a vida nos ensine a buscar sempre mais. Mas que saibamos reconhecer o bem que temos.

Que os dias já vividos nos ajudem a reconhecer a presença de Deus na nossa vida! Que sejamos construtores da paz! Que reconheçamos a igualdade e as diferenças entre todos os seres humanos! Que a vida nos ajude a reconhecer que todos pertencemos à mesma raça, que é a única, verdadeira e indiscutível raça: a raça dos seres humanos!

Um feliz e abençoado 2015 para todos!

Deus nos abençoe!

30/12/2014

Pastos Bons/MA

Domingos Ivan Barbosa

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 30/12/2014
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