CAMINHO EM CURSO SEM RUMO - roberta lessa
CAMINHO
O caminho é fardo para quem deseja atalhos
O caminho é retardo para quem soma-se em retalhos
O caminho é aguardo para quem torna-se frangalhos
O caminho é resguardo para quem nutre se em orvalhos
O caminho é mórbido para quem alimenta-se de entulhos
O caminho é dardo para quem sofre de orgulhos
O caminho é bastardo para quem atira-se à mergulhos
CURSO
O curso da memória se apóia no cárcere da história
O curso da história se apóia no alicerce da vitória
O curso da vitória se apóia no úbere da oratória
O curso da oratória se apóia no títere da falatória
O curso da falatória se apóia no intempere da glória
O curso da glória se apóia no dímere da ilusória
O curso da ilusória se apóia no prócere da memória
RUMO
O rumo que nos encontramos pode às vezes nos levar à outra estrada
O rumo que nos atamos pode às vezes nos levar à outra jornada
O rumo que nos confrontamos pode às vezes nos levar à outra levada
O rumo que nos alienamos pode às vezes nos levar à outra encrusilhada
O rumo que nos orientamos pode às vezes nos levar à outra enxurrada
O rumo que nos cogitamos pode às vezes nos levar à outra invernada
O rumo que nos obrigamos pode às vezes nos levar à outra morada
CAMINHO em CURSO
Há caminhos em curso, talvez não aquele desejado
Há caminhos em curso, talvez não aquele almejado
Há caminhos em curso, talvez não aquele adorado
Há caminhos em curso, talvez não aquele solicitado
Há caminhos em curso, talvez não aquele pranteado
Há caminhos em curso, talvez não aquele fadado
Há caminhos em curso, talvez não aquele segredado
CAMINHO sem RUMO
Onde o caminhar se perde o ser torna-se vazio de rumo
Onde o caminhar se arde o ser torna-se estio de rumo
Onde o caminhar se urde o ser torna-se rodízio de rumo
Onde o caminhar se esturde o ser torna-se homízio de rumo
Onde o caminhar se aturde o ser torna-se pinázio de rumo
Onde o caminhar se varde o ser torna-se macambuzio de rumo
Onde o caminhar se devarde o ser torna-se trapézio de rumo
CURSO em CAMINHO
Cada curso jamais será o caminho, final ainda é percurso
Cada curso jamais será o caminho original, ainda é decurso
Cada curso jamais será o caminho cardinal, ainda é recurso
Cada curso jamais será o caminho, afinal ainda é intercurso
Cada curso jamais será o caminho real, ainda é transcurso
Cada curso jamais será o caminho vissinal, ainda é concurso
Cada curso jamais será o caminho sinal, ainda é incurso
RUMO em CAMINHO
Meu rumo é o desuso do caminho autocrático, ele é deliberação
Meu rumo é o abuso do caminho emblemático, ele é subversão
Meu rumo é o uso do caminho sistemático, ele é desobstrução
Meu rumo é o confuso do caminho enfático, ele é dissolução
Meu rumo é o intruso do caminho didático, ele é dedução
Meu rumo é o profuso do caminho pragmático, ele é devolução
Meu rumo é o concluso do caminho dogmático, ele é dedicação
CAMINHO em CURSO sem RUMO
O caminho quando seu, o curso é de seu escolher, finalizando esse rumo certo.
O caminho quando meu, o curso é de meu escolher, eternizando esse rumo torto.
O caminho quando nosso, o curso é de nosso escolher, concretizando esse rumo perto
O caminho quando deles, o curso é deles o escolher, afinando esse rumo morto
O caminho quando neles, o curso é neles o escolher, determinando esse rumo nato
O caminho quando aquém, o curso não há escolher, exterminando esse rumo incerto
O caminho quando além, o curso tem seu escolher, outorgando esse rumo decerto
- Sobre meus caminhos poderia rumar pela sua figurativa linguagem, onde subverteria sinuosamente as decisões que optaria como caminho.
- Sobre meus cursos poderia eu caminhar pela gramática perfeita, onde jamais seria eu portadora de minha insana forma de escrever, ainda sim outro seria o curso optado.
- Sobre meus rumos poderia eu cursar pela falácia engendrada, onde ocorreria a sintaxe em metamorfose a se apoderar de mim, ainda sim nada mudaria rumo já em curso na minha vida