Reprisar (O diário encontrado de um adolescente perdido)
Reprisar é desapegar dos desapegos, emancipar-se das loucuras, refletir sobre os aconchegos e se entregar de corpo e teoria. Gostar-me-ia de deixar para trás o tão sonhado futuro e reviver um passado que jamais foi o que deveria ser, dera eu ter um monte de sonhos em sacos plásticos com desenhos natalinos para viver como um menino toda fantasia da data tão esperada. Até porque seria loucura não comparar todo esse céu azul com as cores quentes encontradas por ai.
Reprisar é sentar na varanda em dia de chuva, chorar lágrimas de sal, desenhar o sexo pelas paredes, enterrar as lembranças juntamente com as sagradas convicções. Quero um pouco mais desse ar que todos aclamam, quero me deleitar entre os dedos da mentira e sonhar mais sobre as loucuras que eu nunca disse.
Chega de reprise, vamos ao ato meticuloso das cenas deleitadas em brasão de culpa e cansaço interior. Buda estava errado, talvez o mais certo de todos seja eu mesmo por acreditar nas minhas opiniões. Reprisar é dizer tudo isso repetidas vezes, reprisar é dizer a palavra reprisar quando não há mais nada a se dizer.
Reprisar é querer beber água mesmo quando eles lhes oferecem de seu elixir, bobagem! Reprisar é só repetir, e repetir é só sentir saudade, é gostar de coisa velha, é se apegar a nomes desconhecidos, é chorar pela fome e comer sem medo de gula. Reprisar nada mais é do que a hipocrisia desenhada pelos olhos de quem reprisa. Porém, existem coisas que só sentiremos uma única vez, sem chances de reprise.