...em dia.
Tinha a certeza, desde sempre, que amor não era para mim. Sempre muito forte, inabalável, uma verdadeira rocha, eu ria. De tantas críticas, alvo, decidi me moldar, me polir, e de cavaleiro de armadura de ferro, bobo da corte me senti. Passei por uma viagem de sonhos, sonhos embaçados, embaralhados, sem nexo. Então, por acaso, encantei-me, ceguei-me por um alguém fugaz, junção de coração bobo e mente fraca, aonde eu parei? de onde saí e para onde sigo? já não mais sabia. Vaguei em pensamento, por muito, muito tempo, até pensei no fim, enfim, eu fui. Perdi-me, afundei-me, quase desfaleci, tantas lágrimas, desespero, meu corpo sofreu, só, solidão, me fechei em concha, exclui-me, anulei-me, sumi, por um tempo curto e emocionalmente longo, quase eterno, andei sem rumo, nua e desprovida de mim mesma. Arrastei-me pela areia movediça que eu criei dentro de mim, segurei em cada ponto forte que ainda existia e que aos poucos foi se tornando esperança, força para sair da depressão que por um triz não me transformou em nada.
Aos poucos fui seguindo a luz da redescoberta, fui descosturando fio a fio a venda que me cegava, fui me desprendendo e levantando da lama, dei os primeiros passos, respirei ar limpo, senti vida.