VIDA
Amanheci triste, com um vazio no estomago, uma sensação estranha de algo ruim. Uma vontade de chorar e sem saber por quê. Amanheci triste, e só agora me dei conta que o vazio no estomago, o choro preso na garganta, nada mais era a sensação de perda, o sentimento de vazio que a ausência do outro faz na nossa vida. Lembrei da musica de Chico Buarque cujo verso diz: “tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu...” Aí, lembrei de outra musica, que não lembro quem canta, mas que diz: “tristeza não tem fim, felicidade sim...” E, muitas vezes só nos damos conta da sua importância quando ele não está mais perto de nós. Criamos necessidades que nem são tão necessárias assim. Desperdiçando tempo de convivência, guardando mágoas, alimentando rancor. Os que estão a nossa volta morrendo, até o dia em que nos depararemos com a nossa própria morte. Quanta falta de sabedoria, quanto tempo desperdiçado. E a vida vai passando, vamos envelhecendo, tecendo dores, mágoas, rancores, tristeza, que se transforma em fim, em solidão.
Diluir, expulsar de nós tais sentimentos é uma batalha constante. Nesse momento, não há mais nada o que fazer. A morte é fim de todas as coisas. Preciso aprender não a sepultar vivos, não enterrar sentimentos ruins, mas liberá-los, e nesse ato, me liberto. O remédio está em mim, não há como me redimir do passado, mas posso me dispor no presente com ações concretas que premie os vivos no ato de amar, de ser companheira, de ser solidária. Nesse ato de romper com sentimentos opressivos, impulsiona-me a seguir em frente, a lutar, a ser felizes. É um ato de coragem, é um ato de fé.
Lembro do salmista quando diz: “Senhor, tu sondas e me conheces. Conheces o meu deitar e o meu levantar [...] Ainda a palavra não me chegou à boca, e tu me conheces, Senhor. Tu me cercas por traz e por diante [...] Sonda-me ó Deus, conhece o meu coração, guia-me meus pensamentos, vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelos caminhos eternos.” E, lembrei do hino ‘riquezas não preciso ter, mas sim, celestes bens, nem falsa paz, ou vão prazer...”.
Na certeza dessa esperança, mesmo que os erros façam parte da minha vida, mesmo que de vez em quando sinta medo, tristeza e dor, mesmo que os meus erros possam afetar alguém, continuo caminhando, perseguindo meus sonhos e ideais. Vou buscar continuamente caminhos melhores, uma vida mais profunda de significados, buscando ser melhor, fazendo melhor, sendo melhor amigo, irmã, filha, esposa, mãe, sobrinha, sendo melhor serva.