SIMILARIDADE (reeditado)
Texto já editado no Recanto das Letras em: 08/12/06
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Vaivém eterno,
movimento contínuo,
pessoa s andando
ou quase correndo,
pessoas nos coletivos,
nas lojas comprando...
nos hospitais
nascendo ou morrendo.
Enquanto observo
o movimento,
vou tomando consciência
do mesmo vaivém
em meu corpo:
O sangue
circulando o tempo todo.
Os órgãos
trabalhando sem cessar...
A vida se mantendo.
Nas calçadas pessoas
seguindo em frente
sem se olhar,
como se chegar
fosse urgente demais.
Dentro do corpo
células se movimentam
num incessante renovar.
Mundos similares...
Homens
construindo prédios,
pontes,
estradas.
Células construindo ossos,
tecidos,músculos.
Ambos
na mesma faina contínua.
Homens que se matam
defendendo idéias,
lucros egoístas
ou pedaços de terra.
Anticorpos destruindo
os invasores inimigos,
doenças autoimunes
destruindo o próprio lar...
Contemplo o céu.
Olhos perdidos
nessa imensidão sem fim...
Me pergunto curiosa:
- Que sentirão os organismos
microscópicos que nos habitam
ao perceberem
as paredes internas
de nosso corpo?
Com o aumento contínuo de gente
a natureza sofre,
as aglomerações adoecem...
É gente demais e o espaço fenece.
Como em nosso corpo
quando as células
se multiplicam loucamente
e os tumores acontecem.
No mundo externo
que meus olhos vêem,
um movimento incessante.
Cá dentro do meu corpo
um movimento constante
que promove a vida.
Em dado momento de clareza
Vem-me certo pensamento e
pergunto-me com assombro:
- Não seremos também
todos nós, células minúsculas
sustentando a vida
de um gigantesco organismo?