Dói amar uma pessoa que ama outra que não a ama

Tum-tum. Tum-tum-tum-tum-tum. Tumtumtumtumtumtum... tum-tum.

Ok, pode parar de me dedurar. Sério, coração! Já pode voltar ao ritmo normal. Você já conseguiu o que queria. Já fez com que ele percebesse o efeito que causa em mim, já fez o favor de mostrar que quando ele se aproxima você fica mais fora de ritmo que o (pseudo) baterista da casa ao lado. E você, sorrisinho bobo, já pode sair do meu rosto. Leve junto contigo esse brilho apaixonadinho (e ridículo) que tomou conta dos meus olhos. Eu cansei de vocês. Cansei. C-A-N-S-E-I. Tchau, saiam daqui, me deixem em paz!

É difícil entender que eu quero e não quero demonstrar o que sinto por ele? É difícil entender que ele tem uma namorada linda e que eu jamais vou ocupar o lugar dela? Eu sei que vocês tentam me ajudar, tentam fazer com que ele perceba o que está acontecendo, mas vou contar uma coisa: estão só atrapalhando.

Eu amo esse cara, mas ele não me ama. O que eu posso fazer? Me jogar do décimo oitavo andar? Escrever mil textos sobre minha triste desilusão amorosa? Comer cinquenta quilos de chocolate e ficar gorda como uma porca? Gastar todo o meu (pouco) dinheiro com roupas novas e depois ficar me lamuriando por não ter nenhum centavo? Não, nada disso. Tenho que aceitar. É como dizem por aí: "aceita que dói menos!". Tô tentando, mas é difícil. Dói amar uma pessoa que ama outra que não a ama. Argh. Essa frase ficou confusa, né? Mas ainda é um pouco menos confusa que a minha vida.

Antes que algum sábio, conselheiro amoroso ou simplesmente algum moralista que acha que entende de sentimentos venha me alfinetar, vou avisar uma coisinha: eu sei o que estou sentindo e sei que não é paixão. É amor. E não venha me dizer que o amor não machuca, porque eu sei que machuca. Não diga que o amor é tranquilo, pois eu sei que ele é acelerado. Não venha dizer que é bom, pois eu sei que ele pode ser maldoso.

Talvez essas regrinhas se apliquem aos amores verdadeiros, e talvez isto que eu sinto não seja amor verdadeiro. Mas é amor. E, afinal, qual a graça de viver buscando o amor verdadeiro sem saber se vai encontrá-lo? É por isso que eu sofro com os amores de R$1,99. Caso o verdadeiro resolva aparecer, será ótimo ter um pouco de calmaria depois de muita turbulência. Caso não apareça, pelo menos eu vou ter a certeza de que amei.

Agora, coração, pode voltar a acelerar. Ou melhor: não acelere. Ele está vindo aí. Quero que ele me veja como eu sou, sem aquela tensão toda que eu sinto quando ele se aproxima. Não, espera... acelera, por favor! Quero que ele saiba o quanto eu fico tensa. E confusa. E estranha. E louca.

Lillian Cruz
Enviado por Lillian Cruz em 08/12/2014
Código do texto: T5062702
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