Existencia mentirosa e vil
Tudo que acreditei ser de pedra, agora se torna lama e se desfaz em minhas mãos calejadas.
Tudo que pensei ser doce feito leite e mel, agora se apresenta venenoso e azedo como vinagre.
Tudo que vi refletido no espelho, jurei ser a minha face. Agora vejo com tristeza a frieza do abismo que me envolve.
Tudo que construí, reguei e cultivei por longos verões, agora se rebela com a monstruosidade, sedenta por meu sangue.
Tudo que foi me dado com amor e carinho, agora é cobrado com juros e correção monetária.
Tudo que um dia se fez brisa, agora briga para que suma junto à tempestade.
Choro lágrimas de sangue com essa dura lição.
Da fruta que comi e se fez suculenta, me resta apenas uma enorme digestão da alma.
Agora mais do que nunca, passo de membro da realeza à traidor do rei!
E que me cortem a cabeça!
Só suplico que deixem o meu coração.