O homem moderno
Nos tempos de hoje, o conhecimento é tido como algo trivial, a não ser que seja vinculado com a possibilidade de fazer dinheiro. As trevas reinam supremas, como um nimbo nebuloso que atrai inúmeros indivíduos, sempre com suas bocarras abertas em direção ao céu, prontos para beber da chuva e saciar seu âmago sequioso com o elixir da ignorância.
Há quem tenha preguiça de pensar, acreditem, nutrindo com o ócio os cavalos que puxam as carroças das mentes vazias. Se bem que, quando se viola o direito de um cidadão, este, como que num passe de mágica, retira do fundo do baú o conhecimento que lhe falta, querendo de imediato ser galardoado devido a uma ou outra transgressão de seus direitos. Exultam, então, com a adquirida pecúnia, como se suas algibeiras pudessem portar a quantia durante a leve transição. Muitos estão cientes de seus direitos, mas nunca de seus deveres, usando a lei conforme conveniência própria.
Assombra-me, também, o fato de nos contentarmos com falta de autossuficiência do homem moderno, sempre necessitando de terceiros para prestar-lhe os mais variados serviços. Com a padaria na esquina de casa, poucos se dispõem a fazer o pão; mas dignos de real louvor são aqueles que, por vontade própria, optam por plantar o trigo.