Distração providencial

Distração providencial

Estive distraído em meus pensamentos, imbuído em meus tormentos, entorpecido em meus lamentos, porém, o meu ventilador atrevido ao arrefecer meus ouvidos me fez ver ao fazer um zumbido desconhecido ao ouvir com meus espirituais ouvidos uma rouca voz a soar no ar do meu amado lar a me dizer: Mal agradecido! Abra essa janela e veja por ela o magistral vergel paradisíaco que lhe apraz. Aí o meu próprio pensamento me repreendeu legal: Ei você aí, não se toca não? Está pensando ser o tal a conjecturar a sua situação atual... Sendo septuagenário; não se vê otário? Com que mãos está a escrever, com que olhos está a ver, com que pensamento pensa tal atrevimento mortal, com que pernas anda para enfrentar o mal de se contradizer a doença a qual não se cansa de perseguir o carcomido andar do doentio ser?

Abri a janela e senti do arvoredo adentrar mais cedo a energia celestial, surgindo do meu feliz quintal num alegre segredo sentimental.

Como sou bobo, meu Deus!

Estou aprendendo a viver o eterno momento, o resto é somente frescura humana!

jbcampos

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Enviado por jbcampos em 04/12/2014
Código do texto: T5058337
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