ALGO QUE FUI APRENDENDO AO LONGO DA VIDA



 
     Ao longo da vida fui aprendendo, à custa de muitas perdas e de muita renúncia que, quando se ama, quando alguém é deveras importante para nós, o bem desse ser tem que estar acima de tudo, ainda que esse bem nos tire algo do bem que queríamos todo para nós. Aprendizado terrível, que a tendência natural e humana é querermos para nós o tudo e o todo desse bem, o todo e o tudo dele, só para nós. Não falo mais claro porque, como sempre, me é totalmente vedado falar mais claro.
     Não espero mais, não devo almejar mais ser compreendida nem aceita por alguns dos meus seres mais caros neste mundo: dois seres, um do meu sangue e outro não. Sei também, com a mais absoluta das certezas, que um deles jamais creu na verdade do meu afeto. Jamais creu. Não espero mais o que quer que seja, nada  espero mais, renuncio a tudo, forçada a isso, e creio que de vez. Também pretendo não vir a falar mais disso, ao menos tentarei, com todas as forças, não fazê-lo mais. Eu me confio ao julgamento do Deus. Eu e minha Solidão. Ele sabe dos meus acertos e erros. Ele sabe das minhas razões. A Ele creio que possa pedir perdão, que Dele sei que perdão me pode vir, perdão dos erros e quiçá, de algum crime que eu tenha cometido sem que o pretendesse. Perdão, meu Deus! Meu Deus, perdão!