(Prólogo do Artista) Pensamentos, só pensamentos...

 
Todo ser humano passa por momentos de silêncio, mas acredito que somente os artistas identificam estes momentos, no meu caso é quando minha voz se cala diante a algazarra do mundo, o silêncio é minha fala, minhas letras e canções que escapam de mim, assim como a água escapa pelos vãos dos dedos do sedento a beira do rio...
Existe um mundo para cada um de nós, e quem encontra esse mundo, não consegue viver da realidade, pois no mundo da arte a realidade é uma ilusão que deve tornar-se real através das cores do mundo dos sonhos, e este é meu mundo real, mas o engraçado é que ele é monocromático, não é colorido, mas é somente neste mundo sem cor que posso sonhar com arco-íres e entender cada cor. 
É  um mundo solitário e nele sei compreender o valor de cada companhia, no meu mundo há papiros; tintas e penas; há bandolins; pincel e telas; há fantasias, figurinos e cenários, e para a realidade de todos eu de tudo fiz um pouco, mas é na folha branca que encontro meu céu, é faço de minhas asas a pena com que escrevo... E do nanquim negro, faço o azul do céu, o verde das matas, o vermelho das rosas, e o mel dos olhos de uma fada!
Quisera eu viver somente neste mundo que mais parece um filme antigo, daqueles mudos e cheios de cortes e poluição visual, quisera eu deitar-me na grama cinza, e olhar o céu sem cor, e viver somente de distribuir ao mundo “real” as cores que somente os olhos do camarão podem ver...

Sobre mim, me pergunto, a solidão me afeta ao ponto de me conformar com este estado de espírito, cheio de graça, mas para os normais, triste?
Ou a solidão é a casa do artista, o silêncio de que se precisa para criar?
Eu acho que não gosto de companhias, pois desde que eu encontrei meu mundo, minha mente não para, criando a todo tempo, recitando, versando, cantarolando, imaginando sempre, sempre e sempre estou, e as companhias me afetam... Os amores reais me roubam dos braços de minhas amantes, protagonistas de meus poemas; os amigos me roubam do sentido da amizade que somente compreendido é no deserto árido onde não existe ninguém...
Aqui, nesse instante, Eu já não sou eu, pois o meu mundo é pra ser visitado, lá eu crio, depois pego uma nave e trago para cá o que foi sentido lá!

Muitas coisas mudaram em minha vida, só uma que não, eu ainda sou duas pessoas, antes eu sabia quem era quem, o que mudou é que hoje, sou duas pessoas e não sou ninguém, sei apenas que as duas são artistas... Uma do passado e outra do presente?
Não, há quem diga que vivo a frente de meu tempo, mas eu acho que não, na verdade, o meu passado vive no presente, pois em seu tempo ele foi visionário, um ser do hoje, e eu, eu sou de um passado ainda mais distante, o passado onde o homem descobria orientar-se por estrelas e voar era dádiva de pássaros e deuses, um tempo onde na pedra arranhavam o futuro que meus descendentes viverão!


 
Noah Aaron Thoreserc
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 30/11/2014
Reeditado em 30/11/2014
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