Pensamento recorrente nunca tido.
Me ocorre um pensamento, no ponto de ônibus.
Num ponto equidistante,
Entre minha cadeira e a estrela que vejo...
Mas, espere, não é uma estrela!
Sinto-me confusa, atordoada.
Sim, estou, deveras.
Levaram todas as estrelas,
Trocaram-nas por reles luzes.
E a árvore, quase seca, morta, esdrúxula, diz:
Como encontrarás teu caminho de volta?
Questiono-a: quem sou eu? Ou quem deveria ser eu? Ou que deveria ser eu? Ou que faço aqui, sentada? Aonde voltar? Por que não seguir em frente?
Ela cala.
E eu não sei, e não me encontro, e não quero me encontrar.
Mas, no desencontro, me encontro.
Naquele apitar, ressoar... ao longe.
E, naquele ponto equidistante,
Voa meu espírito livre.