Pensamento recorrente nunca tido.

Me ocorre um pensamento, no ponto de ônibus.

Num ponto equidistante,

Entre minha cadeira e a estrela que vejo...

Mas, espere, não é uma estrela!

Sinto-me confusa, atordoada.

Sim, estou, deveras.

Levaram todas as estrelas,

Trocaram-nas por reles luzes.

E a árvore, quase seca, morta, esdrúxula, diz:

Como encontrarás teu caminho de volta?

Questiono-a: quem sou eu? Ou quem deveria ser eu? Ou que deveria ser eu? Ou que faço aqui, sentada? Aonde voltar? Por que não seguir em frente?

Ela cala.

E eu não sei, e não me encontro, e não quero me encontrar.

Mas, no desencontro, me encontro.

Naquele apitar, ressoar... ao longe.

E, naquele ponto equidistante,

Voa meu espírito livre.

Hannah Carvalho
Enviado por Hannah Carvalho em 27/11/2014
Código do texto: T5050327
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