Eles São O Novo Preto
Os sangues das máquinas esguicham-se em produtos emancipadores de consciência, as vozes que ouço, são avisos mal interpretados: a menina da cara pintada, as lágrimas velozes do ativista político que conta dezenove anos e brinca com rosas em meio ao caos, a senhora que tricota o tempo, o falido que bebe demasiadamente,os loucos sorteados em baralhos místicos, palpitações e contrações do verdadeiro eu que exala promiscuidades modernas e almeja redenção espiritual.
Cenas de um dia abençoado: amores violentos, crise existencialista, nascimento do pensamento que não nasce livre. O que digo é sempre uma revolta desconhecida, um tiro no escuro, a descrença na ciência. -Parece burro-. Talvez, seja extremamento estúpido como os dias atuais. Minhas intenções nem sempre são as melhores, minhas companhias são fracas, enfeitiçadas por rostos bonitos e corpos bem alimentados de proteína egoísta. Meus companheiros gostam de glória e soberania.
O que reflete em nosso espelho?
Objetos com poder de compra? Relações tecnológicas? Ateísmo cool? Felicidade individual? Curtidas no Instagram?
O que reflete você? Ainda há reflexão? -Ou só copias? -Sou a cópia daquilo que reflito? -Tenho medo de que o que eu escreva seja apenas cópias, seja apenas achismos sem dons, aproveitamento de ferramentas que, originalmente, não foram designadas para pessoas como eu. Não sou ingênuo e aproveito. Gosto da questionamento paradoxal entre ser a vítima e o vilão.
Estou obsoleto. Eles são O Novo Preto.