NOVAMENTE

Esse invisível movimento que traça, urde, trama as paralelas da vida tem a matiz, a nuance da irônica sensatez, o escárnio debochado da insensatez, que envolve a realidade fria; E quando as linhas da coordenação da existência sofrem esse abalo, o norte vira sul, o sul nem vira, o chão da estrada torna-se árido, íngreme; Morro abaixo da razão. Deserto da emoção. A retomada dela (razão) é tão necessária para recolocar o trem da vida no trilho da esperança, todavia as idéias fervilham, rodopia na cabeça bem-aventurada feito vendaval, ofuscando o tino já chamuscado pela labareda da desilusão. Como ter um hiato para reflexão? Nessa condição é necessário força interior, é preciso força no caminhar para ultrapassar as barreiras que ameaçam a continuidade da vida, como ela deve ser: serena, sadia, feliz. Novamente chegamos à encruzilhada onde nenhuma indicação nos será repassada. A escolha do novo caminho muitas vezes é feito às cegas porque as linhas do destino ainda não foram totalmente recompostas.

12/02/07

ANDRADE JORGE