JUSTO PARA CONSIGO MESMO

Justo para consigo mesmo

Seja justo e haja com galhardia, com honradez, até mesmo quando estiver somente em companhia de sua própria consciência. Saiba se auto-avaliar e faça essa auto-avaliação com dignidade e pundonor. Saiba valorizar-se, honrando suas conquistas, seu empenho, sua diligência, sua providência, sua dedicação, seu esmero, sua competência. Se tiver mérito enalteça seus esforços para atingir um objetivo. Não há nenhum desabono nessa postura.

Quando há sinceridade e não pedantismo a garbosidade perpassa o ser e se imiscui na sua essência e o torna agradável e belo ao seu próprio olhar. E a companhia de si mesmo é apetecível e não sufocante. Nada sufoca mais do que as inverdades que ouvimos da nossa própria boca. Nunca minta para si mesmo, pois pode se auto-induzir ao erro e a erroneidade é um monstro que se alimenta das suas próprias entranhas e se auto devora.

Não fique de atalaia, à surdina, aguardando que os infortúnios se sucedam para então vir com um poema de alento, como se fosse um arrimo para o mundo degradado. Talvez um verdadeiro poema não tenha esse propósito.

Esteja pronto para a solicitude, nunca para a subserviência. Não adule ninguém. Não erija monólitos de adoração, nem para o outro, nem para si mesmo. A adoração é improfícua. O respeito, esse sim, é necessário. Respeitar o trabalho alheio e o seu próprio trabalho. Essa é a postura digna. Nunca o desdém. Nunca a exaltação pueril.

Em tudo o que realizar deixe fragmentos ígneos da sua própria alma impregnados na sua obra. Essa será a sua assinatura e essa será indelével. Nem o tempo a corromperá, muito menos os vilipêndios dos homens.

Seja justo e digno diante do teu próprio olhar.

Valdecir de Oliveira Anselmo

23/11/2014