Digressões Sentimentais
Olá, Amor, tudo bem? Como você está?
Faz tempo que não te escrevo. Na verdade, há muito tempo parei de acreditar em sua existência. Perdoe-me pela sinceridade e por ser tão direta! Mas você sabe que estas características fazem parte de mim!
O motivo que me faz escrever para você é que eu gostaria de te agradecer. Parte de mim, deixou de acreditar em você, a outra parte, nunca deixou de acreditar.
Durante os momentos difíceis pelos quais passei, eu cheguei a jurar que nunca haveria de me deixar levar por você: Amor!
Mas lá no fundo, eu sempre acreditei em você!!!! Sempre acreditei que um dia você veria os meus esforços e me presentearia!!!
É curioso hoje, poder olhar para trás e rever tudo pelo que passei! Na verdade, acredito que todas as experiências pelas quais passei, positivas ou negativas, foram bênçãos!
Em todos os momentos eu tentava me convencer de algo, apenas para parecer bem para as pessoas ao meu redor. Pode parecer incrível, mas a cobrança da sociedade em cima de uma mulher balzaquiana é muito grande: sempre vem aquelas perguntas chatas e perturbadoras: você está namorando? Você tem quantos anos? Não tem filhos????? Pretende casar algum dia?? Como se eu fosse um E.T. !!!!
Depois daquelas perguntas chatas, vem o julgamento: você deve escolher demais! Você dever ser assim! Você deve estar fazendo algo errado...
Que saco! Além de me sentir sozinha, sou obrigada a ouvir besteiras e cobranças dos outros....
Bom, isso me leva a querer fazer uma ressalva! Eu não acho que para ser feliz é necessário, obrigatoriamente, ter alguém ao lado!
Eu estava feliz sozinha, na verdade, eu aprendi a ser feliz sem depender de ninguém. Mas, no fundo, eu sentia que faltava algo, parecia que havia um vazio dentro de mim....e não era fome hahahah!
Estando sozinha, eu aprendi a ser feliz sem depender sentimentalmente de alguém, e aprendi a valorizar a minha liberdade. Isso mesmo, a minha liberdade.
Para mim, saber que eu poderia chegar em casa a hora que eu quisesse, ou simplesmente ir a um barzinho e tomar quantas caipirinhas eu quisesse, ou me vestir como eu quisesse, até mesmo usar o meu perfume favorito ou meu batom! Ahhh! tudo isso me dava muita alegria. Fazer o que se tem vontade, a hora que queremos e como queremos, já é uma felicidade!
Eu sempre lutei para ser uma moça diferente. Na verdade, eu nunca precisei me esforçar tanto para isso. Mas as vezes eu olhava como alguns casais estavam felizes juntos e perguntava: será que eu não tenho direito de amar? Será que eu não mereço ser amada? E isso me entristecia.
Estar solteira tinha seu lado bom. Mas também tinha seu lado ruim.
Lembro muito bem de alguns rapazes que tentavam se aproximar e perguntavam: você não sente falta de assistir filme junto de alguém? de dormir ao lado de alguém? de pegar na mão de alguém ou apenas dar um abraço? Eu dizia: não, definitivamente eu não sinto falta disso.
90% desta minha resposta era verdade. Mas os outros 10% restantes era mentira. No fundo, eu queria muito que estas coisas acontecessem. Mas não só isso: eu queria ter alguém para amar, para me preocupar. Alguém que realmente merecesse a minha atenção.
Eu digo "alguém que realmente merecesse" por conta das minhas experiências passadas. Infelizmente não fui muito feliz nas minhas escolhas anteriores. Culpa do ex-noivo, ou ex-namorado? Não apenas. Seria muito leviano da minha parte dizer que a culpa de ter dado certo até certo ponto era deles. A culpa foi minha de ter levado adiante aqueles relacionamentos mesmo sabendo que não dariam certo.
Tenho vergonha de dizer isso, mas, eu acredito que eu havia desistido de procurar alguém. Eu acreditava que havia alguém ideal para cada um de nós, mas, não acreditava que existisse alguém ideal para mim. Nesta época eu havia desistido. É. Desistido.
Digo que havia desistido porquê eu não sonhava mais, não fantasiava mais sobre encontrar alguém: eu estava resignada com a minha atual situação: de conforto. Se por um lado, é bom amar e ter um relacionamento, por outro, amar faz com que nós nos coloquemos sempre alertas: não temos apenas que nos preocupar conosco, mas também com o ser amado. Muitas vezes, amar é abrir mão do nosso orgulho!!! Coisa muito difícil para mim! Ter um relacionamento exige muita paciência, o que, para mim, também é muito difícil.....
Sabe, eu fui perdendo a minha paciência à medida em que fui sendo abusada emocionalmente. Eu perdi por completo a minha paciência. Depois, cada pessoa que encontrava, muitas vezes eu já "dispensava" de cara, ao notar qualquer coisa que me desagradasse. Um comportamento reprovável e egoísta, infelizmente.
Pessoas são pessoas, tem sentimentos, sofrem, não são coisas para serem descartadas ou dispensadas!
Às vezes me pergunto em que medida esse meu comportamento era uma espécie de mecanismo de defesa, ou seletividade, recalque hahaha ou chatice mesmo!
Quando alguma amiga ou um conhecido tentavam me ajudar e falavam: "ahhhh quando você menos esperar você vai encontrar a pessoa certa".... eu, mentalmente, mandava esta pessoa se ferrar....
Pode ser que esse senso comum esteja certo, pode ser que não...
Mas, voltando ao início, após tantas digressões...vamos ao que interessa:
Amor (sentimento) obrigada por ter me proporcionado tantos aprendizados! Este último ano foi o ano que mais sofri, e incrivelmente, foi o ano que mais aprendi também, principalmente sobre mim, e até sobre você, seu lindo!
E eu te digo uma coisa: minha casa está de portas abertas, venha me fazer uma visita um dia desses! Você será muito bem vindo!
Beijos
Luíza