A Ilusão do plano B
A ilusão do Plano B
Você é feliz? Você é feliz hoje? O que está faltando para que chegue nesse nível em sua vida? E o que você pensava estar faltando, mas quando conseguiu, percebeu que se enganara e que na verdade precisava mesmo era de outra coisa? Porque sempre falta algo? Quando tiver tal emprego, quando tal pessoa me amar, ah se eu tivesse feito essa escolha, ah se eu nascesse com aquele corpo...
O plano B. É sempre o melhor. O plano B. É aquele que não temos. Aquele que talvez o outro tenha, mas nós não. Aquele lindo e delicioso patamar que hoje somente temos em sonho e desejo ardente. Aquilo que se valoriza tanto em nossa vida, que tem o poder de desvalorizar cabalmente outras. Aquele apogeu de felicidade que se não controlado, destrói sem o menor esforço aquilo que construímos com muito custo.
O pior é que ele nos toma conta, nos consome. E acaba por sugar todos planos, sonhos e esperanças, também dignos, também recompensadores, mas que pela ilusão fantástica do desejo, deixamos de lado como coisa qualquer e sem valor. Consome tanto que eliminamos, uma a uma, todas as outras possíveis alternativas.
Como sair dessa armadilha? Há dois caminhos. Um é difícil e dolorido, mas que livra da dor terrível da frustração. O outro é trágico e decepcionante, e apesar de lhe ensinar algo, será com terrível golpe em todas as suas expectativas, destruindo seus castelos feitos com areia da praia dos iludidos.
Podemos lutar contra os desejos, vontades e sentimentos. Questionando se é de fato a única opção que temos. Analisando racionalmente se aquele preço a ser pago será justo. Ou se será um custo dispendioso, que poderia ser usado em outra opção. Não será arriscado demais? Vale a pena deixar esse aqui, em que estamos ganhando pouco, mas com segurança, para arriscar tudo em algo incerto?
Ou podemos aprender da forma mais dolorida. Investir tudo que temos naquele sonho maravilhoso e doce, para experimentar uma realidade vazia e sem significado. Com o sentimento de que não valeu apena. Com a terrível sensação de que pegou o ônibus errado, achando que era o certo. Aprender que aquilo que parecia ter algum valor na verdade era uma imitação barata, que apesar de tencionar a ser, não é.
Não é fácil. Pois é tão real, transcendente, promete tanto. Nós a alimentamos e cuidamos com tanta atenção e carinho. Era pequena no inicio, mas foi crescendo e criando vida por si, até que já não precisávamos mais nos esforçar, pois era forte o suficiente. E agora já é complicado dizer que não existe, ou que não trará o retorno esperado. E o que eu investi? Todo aquele tempo dedicado, aquela fé empreendida?
É desejoso ir até o fim, mesmo com fortes indícios contrários. Mesmo com o risco de perder muita coisa. A vergonha de não ter tentado é totalmente mais indesejável do que o resultado fracassado. E se... E se eu estivesse certo? E se realmente fosse feliz indo até o fim?
Ninguém pode responder sem tentar, mas será que vale a pena tentar todas as alternativas para ver se descobre qual é a certa? Quantas alternativas há? Quanto tempo tenho? O quanto estou disposto a pagar por cada uma? E se não acertar ou só acertar na última?
E que tal colocar a felicidade no trajeto e não em um ponto de chegada e ser feliz enquanto procura?