TENTATIVAS DE PENSAR

Na tentativa de, à todo custo buscar o silêncio, deixa-se de arriscar o livre pensar, o investir naquilo que se acredita ser verdadeiro e inerente ao ser humano: a liberdade.

Ah, mau dita liberdade forjada diuturnamente na mente que até mesmo insana arrisca sair de sua zona de conforto mental para denunciar a usurpação dos direitos à livre escolha e opção por um sistema que aceita o ócio mental impingido de forma gradual, inicialmente à força, mas com o decorrer das eras através da máquina social e midiática que não se priva de absorver a vitalidade daqueles que se desejam oprimir. Bolina a alma do ser até que não mais se perceba Ser; ocasionando a perda total ou parcial da integridade vivencial do indivíduo dominado. O que é íntegro migra para o que se denomina vivências fragmentadas.

EU SOU, E VOCÊ?

Nessa integridade corrompida, verifica o observador externo a perceptível e cruel cisão da liberdade humana de seu direito individual de escolhas. Quando a felina e lascívia língua deriva da denúncia, o fel que desperta gera a possibilidade de ascensão do livre pensar. O peso das mãos daquilo que anteriormente era aparente e visível transmuta para a forma de uma ditadura cordial; e é fortalecida pelos temores da perda dos subsídios básicos da subsistência humana. As migalhas dessa condição humana servem somente para que o indivíduo apenas sobreviva a fim de manter sua força e dar continuidade ao que já está pré-estabelecido. Todo esse sistema é tão metodicamente construído através do tempo, que faz crescer gerações programadas e desinteressadas na busca dos saberes que os libertam daquilo que os transformaram em servos.

EU BUSCO, E VOCÊ?

Os engôdos discursivos habitam porções da vida de cada indivíduo, num complexo cerzir de amarrações sistêmicas que, para os que não mais suportam esse sufocar ideológico, desistam de resistir à forçosa descontinuidade racional a que são submetidos. Novos e fortalecidos punhais são deferidos até mesmo pelos próprios pares de seu grupo, todos são inseridos nessa filosofia da repressão cordialmente instaurada e sequer se dão conta de que são transformados em objeto, em mecanismo de manutenção e preservação daquilo que oprime. Instantaneamente reconstróem-se a rotina de pseudos gentilezas que na verdade são re criação inovada da repressão dominante.

Roberta Lessa
Enviado por Roberta Lessa em 21/11/2014
Código do texto: T5043498
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