No final da minha vida

A vida é uma grande oportunidade de aprendizagem e desenvolvimento. A experiência é um meio necessário e eficiente para conhecermos as pessoas e o mundo. O estudo cuidadoso e autêntico nos leva a enxergar os significados e as mensagens das experiências que temos durante a vida.

Ainda não posso dizer muito sobre a vida. Ainda que eu estude diariamente, eu ainda não cheguei ao final da minha vida; penso eu. Não basta o estudo, nem basta a experiência. Para um conhecimento profundo da vida, penso ser necessário estudo cuidadoso aliado com experiência.

Não é por acaso que a coruja é um dos símbolos da Filosofia. O olhar filosófico é observador. E, se juntarmos a Filosofia com a espiritualidade e outros saberes, a psicologia e a antropologia na nossa vida, teremos uma boa base para enxergarmos a verdade, o mundo e as pessoas.

O homem não deve se iludir nem se conformar com o que já sabe. Enquanto viver, o homem deve estar em constante aprendizagem. E aprender não significa ver apenas o que se deseja ver, mas estar aberto para ver o que não é desejável.

No final da minha vida, eu quero ter a oportunidade de escrever sobre o que eu vi e vivi na vida, sobre o que é a vida. Confio em Deus. Sei que Deus vai me permitir fazer isso. Por enquanto, tudo o que eu digo poderá ser desdito. Isso porque a vida continua; penso eu.

Talvez eu nunca viva tudo o que eu desejo viver. Talvez eu nunca doe tudo o que eu desejo doar. Talvez os meus padrões de comportamento e de vida estejam todos errados. Talvez eu me comporte de uma maneira reprovável. Talvez eu não seja quem eu penso ser. Talvez eu seja um sujeito reprovável. Talvez eu esteja certo. Talvez eu me comporte decentemente. Talvez eu seja um cara honesto. Talvez eu seja digno de confiança, ou não. Talvez eu continue vendo o ideal não acolhendo o sublime. Talvez eu continue vendo o distante do ideal acolhendo e querendo o que eu considero verdadeiramente belo. Talvez eu continue vendo o que considero belo acolhendo o não belo, o sublime acolhendo o não sublime. Talvez...

Por enquanto, eu só posso continuar vivendo, estudando, observando, interpretando, analisando, errando, acertando. Amando? Será que acerto? Tudo é possibilidade. Nada deve nem pode ser descartado. Ou pode? Ou deve? Não sei.

Eu ainda não tenho uma conclusão sobre a vida, pois a minha vida continua. Eu continuo aprendendo. No final da minha vida, eu direi, com segurança, o que é a vida.

Talvez eu seja um dos caras mais imbecis deste mundo. Talvez eu seja inteligente. Talvez eu seja um bom homem. Talvez eu seja um mau sujeito. Talvez eu seja medíocre. Na verdade, tudo é possibilidade. Nada pode ser descartado.

Lao-Tsé deixou escrito: “Quem sabe cala. Quem fala não sabe. O sábio vive calado...” Esse pensamento está no livro “Tao Te Ching”, desse grande mestre espiritual. É um dos meus livros de cabeceira.

Obs.: O que você pensou ao ler o título deste texto? Pensou que eu estivesse desistindo da vida? Eu sou um homem apaixonado pela vida. Apesar de tudo, a vida é verdadeiramente bela. Viver é um prazer inefável.

Domingos Ivan Barbosa

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 19/11/2014
Código do texto: T5041029
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.