A FILOSOFIA E AS APARÊNCIAS
A Filosofia é um saber que nos ensina a analisar o que vemos, ouvimos, escutamos, sentimos, fazemos, queremos, pensamos e lemos. Visto que observo a sociedade em que vivo; visto que a minha observação é um ato que analisa, eu concordo com o filósofo Pascal, quando ele diz: “Não nos contentamos com a vida que temos em nós e no nosso próprio ser: queremos viver na ideia dos outros uma vida imaginária e, para isso, esforçamo-nos por manter as aparências. Trabalhamos incessantemente para embelezar e conservar o nosso ser imaginário, e descuramos o verdadeiro”.
Eu fico me perguntando: Por que procuramos aparentar tanto? Por que criamos, em nós, um ser imaginário? Por que procuramos nos iludir a respeito de nós mesmos? Por que desejamos tanto ser elogiados? Vejo que o pensador Pascal nos apresenta uma boa interpretação psicológica dos seres humanos. Ele afirma que estamos sempre apressados em anunciar a nossa felicidade, tranquilidade ou generosidade aos outros.
Eu fico me perguntando se, ao fazer o que eu faço, ao dizer o que eu digo, ao escrever o que eu escrevo, ao me comportar tal qual me comporto, eu não estou querendo viver na ideia que os outros poderão ter de mim. Eu fico me perguntando se eu não estou querendo, também, viver de aparências. Eu não analiso apenas a sociedade em que eu vivo; eu analiso a mim mesmo. Como dizia Sócrates, ao seguir o que era sugerido pelo Oráculo: “Conhece-te a ti mesmo!”
"Gnôthi sautón!"