LEVO O ALMOÇO AO QUARTO DE MINHA MÃE



 
      Levo o almoço ao quarto de minha mãe e isso ainda me confere - ainda que  em ato simplesmente necessário, sem méritos - algo, um mínimo do estatuto de gente... gente que ainda serve para alguma coisa... Acho, pelo menos... Um pouco... Um pouquinho... No mais... nonada, como diz o Guimarães Rosa, que tem Rosa já no nome.
      Ah, queria ter, ainda, algum poema meu - e teu - nas mãos. Algum poema como os de antigamente... Como os de antigamente... Teu... e meu... Queria ter, ainda, algo da minha vida nas mãos...Queria... Querer não é poder. Não o é, simplesmente, como o ditado pretende fazer crer. Não assim, simplesmente: não mesmo.  E como dói o querer sem nenhum poder! Como dói!
        Mãe, não te esqueças: te amo, com todos os meus limites e misérias, que são muitas... muitas... - te amo. Não posso suprir as todas tuas ausências, as todas tuas carências. Faço só o que consigo. Perdoa-me.