Se eu tivesse um filho (ou uma filha), eu não gostaria de ensinar as mesmas bobagens que aprendi as quais todas as gerações repetem, provavelmente desde o início da sociedade.
 
Jamais consideraria importante meu filho ser rico, ter um belo carro, desfrutar um fantástico emprego, morar numa mansão, poder viajar bastante e curtir os anseios habituais que a maioria nutre.
Essas “conquistas” qualquer idiota consegue alcançar.
 
Trabalhando excessivamente, perdendo noites com preciosas leituras, bebendo as águas do estudo digno, valorizando os conselhos que ouviu quando era criança, sonegando impostos, mentindo, tentando sempre levar vantagem, procurando dar um jeitinho, prejudicando os outros, enfim, de forma honrada ou usando meios imorais, alguns lograrão o sucesso e outros lastimarão demais porque tais metas nunca foram concretizadas.
 
Caso dependesse de mim, meu filho sonharia sonhos inteligentes e não sofreria para realizar as metas tão invejadas.
 
Quando ele completasse quinze anos, eu falaria sobre as metáforas e explicaria que, para se aproximar da paz e sentir a verdadeira liberdade, é necessário amar a poesia.
Renovaria a lição até ele dizer que entendeu.
Nesse instante especial, eu o abraçaria e diria contente:
_ Agora você está pronto! Cumpri a minha missão.
 
* Recordo que, na fase infantil, somando doze primaveras, nas aulas de Educação Física, eu participava dos babas com total empolgação.
Eu me jogava no chão, não receava quebrar a perna, insistia, driblava vários colegas, não aceitava perder a bola, metia a mão no chão, a camisa ficava bem suja...
Era tão legal! 
Depois eu cresci, comecei a temer quebrar a perna, queria conservar a roupa limpa, desistia fácil disputando a bola.
 
Percebo que, aumentando a idade, abandonei a boa espontaneidade e valorizei os projetos os quais os outros pretendiam edificar.
Passei a correr atrás de diplomas, almejei juntar dinheiro, desejei estar nos eventos barulhentos, não permitir deixar escapar os diálogos vazios, acompanhar a moda, demonstrando interesse por mil coisas das quais nunca gostei nem precisei.
Mais um cidadão retardado e bobo eu acabei me tornando.
 
* Ah! O meu filho NÃO!
 
Se eu tivesse um filho, apenas torceria para ele ser...
FELIZ!
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 13/11/2014
Reeditado em 13/11/2014
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