MELINDRA DANGER L'AMOUR
 
 
Havia um suspeito
Parado no carro
Prateado na esquina
D’onde ela estava
Um janela
Por janela ficava
As vezes luzes acesas
Outras a acesa continha
Um sombra erguida
Na parede
que descia na loucura
dos sonhos
entre bocas abertas
lábios não se podem
ver
o sentido misterioso
do comparsa da rua
num terno ensopado
de charme
um botão de flor
na mão caída na porta
querendo deixar cair
aquelas sombras contam
mais sobre ela
do que ontem
pelo convite da serpente
pode ouvir
ela nadava entre todos
aqueles
que vestiam sua dança
enchiam o que podiam
beber de sua taça
que surgia
a leveza fantasia
que o balanço
desblusava
indo decolar no que mais
se queria pegar
deixavam um desejo
marcado
no desejo marcado
da roupa que ia caindo
cintura de estrela
um piercing entre corrente
em volta se  via
outra corrente mais leve
surgindo
da Capri cor branca
tão mais vermelha
quanto de vemelho-sangue
via-se os lábios
fumegantes
lhe confensando
sobre o velho golpe
que poderiam dar
em seu corpo
ela no desgosto consiso
escolhe um entre todos
ama-o com fúria
jogada na parede
mata-o com sede
linguas revoltas
se viam
no desespero do ouvinte
da memória
que ela inventava
antes de se ver
desejada
o cavaleiro ensopado
de um charme
prostituto
sentava no mesmo
lado que estava
agora confuso
do lado de fora
vendo que lá dentro
ela abusava
de outro marujo
havia marcas sombrias
derrepente apareciam
o reflexo das luzes
que vinham da rua
ela aparece nua
seios abraçados
no pendor que se abre
ela de mãos atadas
cabelos soltos
 olhava-o sorrindo
o grito recolhido
o silêncio quebrado
apenas pelo barulho repetido
a flor que sua mão trazia
despendia na estrada
consumiam seu sexo
por dentro
o fantasma que descia
não vestia nenhuma
outra “roupagem”
ela abriu a garagem
uma pequena peça
sua dependurada
tudo estava acordado
o convite foi aceito
ao cavalheiro do charme
ensopado.