84 CHARING CROSS ROAD - UMA SAUDADE

     Hoje senti  uma saudade imensa  de um filme que perdi a conta de quantas vezes assisti, tanto no cinema como em vídeo – no cinema, na década de 80 – depois em vídeo, emprestado de um amigo – e tive que devolver, não sem antes rever o filme pelo menos umas cinco vezes, claro. Pena que não o gravei, talvez eu não tivesse como, na época.  Fui buscar o filme completo no youtube, mas não o encontrei, encontrei apenas alguns trechos dele. Mesmo assim, reví vários.

     Um filme que trata do amor aos livros raros  e aos livros em geral. Um filme que trata da amizade entre os seres humanos, mesmo não se conhecendo pessoalmente. Amizade e respeito. Quem o assistiu sabe do que estou falando .

     84 Charing Cross Road recebeu no Brasil o sugestivo título de “Nunca te vi, sempre te amei” e trata da correspondência trocada durante vinte anos entre uma escritora,  Helene Hanff e os funcionários de uma livraria antiquário (especializada em livros raros) em Londres,  localizada na  Charing Cross Road, número 84.  Mais  precisamente das cartas  entre Helene (autora do livro que originou o filme)  e Frank Doel,  gerente da livraria.  Essa bela história também nos mostra a amizade  entre Helene e os demais funcionários da Marks & Co, que passam a sentir Helene como uma verdadeira amiga na distante  America,  mas já fazendo parte de suas vidas.

     Um filme extraordinário, inesquecível, para aqueles que prezam os livros, a palavra escrita, a amizade, o respeito, as relações humanas que podem ser eternas. O tempo da confiança, da solidariedade - valores raros no nosso mundo de hoje.




     Protagonizado por Anne Brancroft (Helene) e Anthony Hopkins (Frank),  em interpretações magistrais, impecáveis.

     Para finalizar, um poema do poeta William Butler  Yeats, declamado no filme por  Sir  Anthony Hopkins e aqui, no youtube:

                      
  https://www.youtube.com/watch?v=wejEEciHlDQ


HAD I the heavens' embroidered cloths,
Enwrought with golden and silver light,
The blue and the dim and the dark cloths
Of night and light and the half-light,
I would spread the cloths under your feet:
But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread softly because you tread on my dreams.
 

TRADUÇÃO
 
“Se eu tivesse as toalhas bordadas pelos céus
Adornadas com luzes douradas e prateadas
O azul e o pálido nos panos escuros da noite
E todas as luzes do dia
Eu estenderia as toalhas a seus pés
Mas eu sendo pobre só tenho sonhos
Estendi meus sonhos sob seus pés
Ande devagar porque está andando em meus sonhos.”
(W.B. Yeats)
 
 

 
 

 
 Imagens: Google