NO SALÃO PRANDIAL DA VIDA
No Salão Prandial da Vida
Tudo tem o seu tempo de maturação. Até o entendimento das coisas, a assimilação, a imanência delas em nós, como parte constitutiva do nosso ser, depende de um tempo de discernimento, de um tempo para apreciarmos as coisas, com o respeito e o valor que elas merecem. Tem coisas que não se aprendem de supetão. Não se decora as coisas essenciais. Elas precisam ser assimiladas. E essa compenetração vem paulatinamente, como o degustar um apetecível banquete.
No banquete da Vida há aqueles parcimoniosos e há os glutões. Há aqueles que apreciam as iguarias silentemente e há aqueles que falam aos borbotões e não degustam com sapiência. É preciso sentir antes de assimilar. A saciedade nem sempre é sinal de repleção salutar, pois o sobejo pode conter muito do que é desnecessário.
Num opíparo banquete há miríade de convivas. Alguns famélicos, alguns sedentos. Muitos sem saberem o cardápio. Há temperos, condimentos e especiarias para todos os gostos. Há música a se impregnar, se espraiando no salão prandial. Música para todos os ouvidos, e cada um ouve o que lhe apraz ouvir. Há Arte para todos os olhares e cada um olha o que apraz olhar. Há nas mesas Literatura e cada um lê o que apraz ler.
Haverá um tempo em que todos, sem exceção, se respeitarão à mesa. Cada comensal respeitará o seu irmão ao lado. Não criticará seus gostos, não o olhará de soslaio e com desdém a sua postura à mesa, seus modos. Tão somente saberá se portar dignamente, vigiando sua própria postura e seus modos, para não constranger, melindrar ou perturbar o ambiente.
A Humanidade ainda tem muito que aprender nesse conjunto de cerimonial que deve ser observado no Salão Prandial da Vida.
Valdecir de Oliveira Anselmo
07/11/2014