A ARTE E A PERFEIÇÃO

A Arte e a Perfeição

Não somos perfeitos. Qualquer um de nós tem seus defeitos. A Arte não nos exime dos nossos erros. Temos que expurgar todos os males que cometemos, até a purificação total. Isso pode levar um tempo assaz longo, mas temos que começar, tem que haver um começo. Temos que retornar, retroceder o passo para apagar os erros, um a um. Um erro pode ser perpetrado num átimo, num segundo apenas de delírio. Mas escoimar esse erro pode levar anos ou um tempo quase infindável. A Arte que praticamos nos redime, sim, pois vem nos resgatar, nos tirar do cativeiro que a autocomiseração nos coloca e sentir a excelsitude em nós. Pois é cômodo errar e transferir a responsabilidade para o rol da imperfeição inerente ao ser humano. A pura Arte nos faz sentir a perfectibilidade. Sentir a nossa força. Sentir a força do bem em nós, a angelitude que dormita em nosso âmago. A pura Arte faz sentirmos a humanidade retornar à nossa essência e que podemos ir além, muito mais além da nossa própria imperfeição.

Erramos, outros erram igualmente. Mas todos, sem exceção, são susceptíveis de serem resgatados, pois qualquer um pode adquirir qualidades, a disposição moral ou intelectual que lhe falta, justamente para suplantar o defeito que é tão perceptível, transmudando-o em uma qualidade, perceptível, também.

A Vida propicia ensejos para resgatarmos e para sermos resgatados. Que bom que podemos resgatar quem está num atoleiro e que bom, também, quando alguém pode nos resgatar de um lodaçal. Uma flor imarcescívelmente bela pode eclodir em um pântano e seu perfume pode recender com uma olência aprazível, sobrepujando o odor mefítico que pululava.

A Arte é um facho de luz que lançamos à nossa frente para iluminar o nosso próprio caminho e o caminho dos que compartilham a mesma jornada.

Valdecir de Oliveira Anselmo

04/11/2014