NA VERDADE, IMPORTO MUITO POUCO



 
     Na verdade mais funda eu, minha vida, meu destino sempre têm importado pouco, muito pouco. Precisava eu ter dado, à minha vida, a importância que dei à vida e ao destino dos seres meus companheiros de jornada todos, todos, todos. Seja como for, nenhum direito me cabe de cobrar o que quer que seja deles, incluindo uma certa pessoa do meu sangue, a única que teria, deveras, o dever efetivo de estar comigo e conosco neste tempo... Não por mim... Não por mim... Que direito me cabe? Todos nascemos para servir, é certo, isso é dever ditado pelo amor e pelo compromisso. Só que o Senhor diz: "Ama ao teu próximo como a ti mesmo(...). Ele sabia da nossa fraqueza e da nossa pequenez, por isso não disse: "Ama ao teu próximo mais do que a ti mesmo (...). É verdade também que a sequência é: "... e ama a Deus sobre todas as coisas." Essa tarefa de amar ao próximo mais do que a si mesmo é tarefa só para santos e para seres como Madre Tereza de Calcutá. Eu estou a muitos milênios de anos-luz de tal estatura. 
     Seja  como for, servi e tenho servido de muitos modos, quiçá  por covardia, por inércia diante do meu próprio destino, por acomodação, por talvez querer "comprar" as pessoas com minha dedicação, e ninguém está à venda -  será que não consigo me apontar nenhum mérito em si e per si para tal dedicação, só motivos tão pouco nobres e egocêntricos? Talvez eu seja, afinal, um pouco melhor do que me julgo... Talvez...
     A verdade é que estou exausta de tudo... principalmente de mim, mas, seja como for, será preciso levar a vida que me coube até o fim... até o fim, como diz certa canção do Chico Buarque.
     Caramba, que desabafo! E haja texto catártico! Bem, quase nada restou para além disso e para além do Recanto, eis a singela verdade objetiva. Boa tarde, amigos. Obrigada, sempre.



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E Brazilio vem e faz uma linda e tocante interação. Obrigada, caro. Cercada, sempre, de muitas coisas desoladoras, os amigos do Recanto têm garantido  este espaço de respiração, um dos únicos que me têm restado há muito, há muito...

 
 
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03/11/2014 11:31 - Brazilio
 
Esse teu desabafo
é em nós, o algo silente
tampouco dele me safo
impenitente, sigo em frente...
 
Para o texto: NA VERDADE, IMPORTO MUITO POUCO (T5021576)




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