APRAZIBILIDADE
Aprazibilidade
O refocilo para o homem digno, probo e justo está no recanto aprazível da sua própria consciência. Na consciência está o Tribunal de Osíris. Em nenhum outro lugar ele está.
O alento para o homem honesto está no vislumbre da perfectibilidade, a qual vê como imanente em sua própria essência e nela se ablui, como quem se embebe em uma fonte inexaurível e nela vai escoimando seus defeitos, paulatina, mas eficazmente, pois resoluto. E, sobretudo, sem alarde, sem apregoar sua luta interna, mas deixando às escâncaras sua dignidade, transluzida em suas atitudes, postura e comportamentos, de forma natural, sem artificialidade, sem fazer exigências ou barganha.
Sendo o mais natural possível esse homem será livre, pois não estará enleado nos grilhões da fugacidade ou da veleidade.
Vontades hesitantes todos têm, às vezes, mas alijar esse marasmo e dar ensejo a ação profícua aos poucos vai abrindo novas perspectivas, como a desvelar novas possibilidades a se espraiarem no horizonte.
O verdadeiro visionário não tem a intenção de incutir em outra essência as suas visões, hauridas das suas excursões ensimesmáticas, apenas dá o seu testemunho do que viu nos confins recônditos da sua imaginação, essa faculdade de evocar imagens.
E existem belas imagens ensimesmadas. Se boa parte delas eclodirem a oniricidade se imiscuirá na “realidade” e essa será mais aprazível.
Há uma ingente responsabilidade ao externar a nossa visão, especialmente na Literatura. Podemos, literalmente, erigir ou esfacelar mundos, especialmente aquele no qual estamos embebidos.
Valdecir de Oliveira Anselmo
31/10/2014