FLUIDEZ
Fluidez
Devemos ser complacentes com algumas atitudes, mas não necessariamente coniventes. A conivência é co-autoria. A complacência é entender que nem todos comungam a unicidade e que há divergências. O que é intolerável é a contraproducência.
Quando a meta tende à unicidade todos os objetivos devem ter convergência para essa meta, como afluentes em confluência para um rio caudaloso.
Às vezes há um álveo seco, um afluente que exauriu suas águas e não mais deságua no rio principal. É uma perda inestimável, mas a fluidez não pode perder sua constância. O legado do afluente que feneceu ficará indelével, já se imiscuído nas águas do grande rio. E a fluência aquosa continua.
Há um inexorável destino para as águas que fluem no leito de um rio. O sulco está feito e seu curso traçado. Embalde é as águas intentarem refluir. Não há refluência no fluxo das águas. Não há retrocesso. Esse é inconcebível na fluidez de um rio.
Um regato, por mais singelo que pareça, não pode ser vilipendiado. Seu curso d’água flui também para o grande rio. Pequenas contribuições tornam-se grandes pelo ato em si. Doação espontânea, vivaz e alegre. Enquanto grandes afluentes fluem com languidez, só aguardando, expectantes, que o sol inclemente venha a evaporar suas águas para não mais abastecerem o grande rio, pequenos rios fluem risonhos e festivos, na celeridade entusiasmada de uma ação voltada ao todo.
E nem uma gota sequer se perde quando a fluidez tem um propósito.
Valdecir de Oliveira Anselmo
29/10/2014