Introspecção
Não sei o que é certo, incerto ou o que quero. Sou quem você quer que eu seja, uma mistura de impressões e imperfeições, moldada a partir de suas expectativas sobre mim; logo, sou previsível. Uma criança imatura que não teve tempo de crescer, que leva tapas da vida a todo momento, e que se levanta esperando pela queda. Aquela que se faz de indiferente, por não saber como agir em meio as turbulências da vida. Aquele rosto cansado, que aprendeu a sorrir quando as lágrimas começam a se formar. Entretanto há algo em mim que reconheço existir; um fagulho de certeza de minha existência nesse mundo caótico, que me faz ter vontade de buscar minha essência: Não possuo ódio. Não há há em mim qualquer tipo de sentimento que deseje mal ao meu semelhante, seja ele quem for. Não é questão de amar a todos, de ser ingênua perante a tudo, mas de saber reconhecer que há mente, coração e instinto em cada um, e que estes três são responsáveis por nossas ações, que muitas vezes divergem de quem somos. Contudo, quem desvendou a essência humana de fato? Quem está certo: Hobbes ou Rousseau? Na verdade, ninguém sabe, ninguém pensa, mas todos sentem. As ações, sejam elas tomadas através do coração, instinto ou da própria mente, podem machucar, e muito, aqueles que nos rodeiam. Por isso não vivo, por escolha própria. Sou apenas uma em sete bilhões, e assim permanecerei até que minha morte, enfim, chegue. É nesse devaneio incansável e introspectivo que constato a existência do desejo de viver que há em mim, até mesmo nesse mundo, onde sou apenas invisível.