Anseio

Um anseio tão natural torna-se algo complicado...

Amor? Paixão? Fantasia?

O que faz com que certas pessoas tornem-se diferentes das demais

para nós no mesmo convívio que tantas outras?

Não mais que de repente, um olhar uma frase solta

e passamos a olhar diferente para alguém que

muitas vezes nem percebe o que está acontecendo a sua revelia, e mesmo à nossa.

O que fazer? Como lidar com sentimentos que não estamos preparados para sentir?

Disfarço. Mas será que disfarço mesmo? Quero disfarçar?

Tento compor o tipo distante, equilibrado, até mesmo frio, controlado...

dentro do peito uma inquietude – a alma é como pobre pássaro aprisionado debatendo-se,

tentando inutilmente fugir. Como o pássaro que sabe não haver saída,

há barreiras que não serão removidas, mas ainda assim luta para ser outra vez livre,

ainda que essa liberdade traga mais sofrimento e até a morte.

Fico no limbo desses sentimentos – querendo/não querendo –

como alguém que tem fome e olha os alimentos numa vitrina,

ou como uma criança que sonha com o brinquedo que jamais vai ter.

Barreiras morais e religiosas de um lado, feridas profundas de outro,

e continuo – vivendo/não vivendo – por medo de enfrentar o outro,

mas talvez seja também o medo de enfrentar o próprio EU.