Não havia ninguém

E depois de anos eu voltei. Observei todo o trajeto até a casa onde eu morava... tudo parecia diferente, mas as lembranças ainda eram tão vivas que queimavam... a minha primeira reação ao chegar em frente a minha porta, foi largar as malas no chão e sair correndo em circulos pela rua enquanto gritava alto... e as lembranças queimavam. Louca? Como não ficar louca diante de um ciclo abandonado.

Não havia ninguém em casa.

Ninguém a minha espera.

Não havia ninguém pra mim.

Guardei as malas... e junto a elas, deixei a frustaçaõ.

Caminhei pelas ruas que antes eram tão familiares... tão cumplices dos meus pés... agora era como se eu pisasse com muito cuidado, como se o chão fosse afundar e eu tivesse que ter calma.

Caminhei sem direção por algum tempo... como uma criança quando aprende a andar. Mas depois, caminhei em direção ao velho refúgio. Aos velhos amigos. Será que ainda estariam lá? Foi o que me perguntei enquanto relutava para continuar adiante, mesmo com todos os bloqueios. Eu travei. Não consegui ir adiante.

Voltei para casa... ainda estava vazia. Fria. O cheiro forte da ausencia de calor humano. Me joguei na cama. Fixei meu olhar no teto e da forma que estava fiquei durante algum tempo. Pensei em você também. Você ainda era tão viva dentro de mim quanto aquela chuva que insistia em cair. Eu não sei como você está... faz tempo que não nos falamos e tive medo de te procurar. O medo da recusa é maior que a saudade que é minha inquilina desde quando te conheci. Então apaguei... apaguei pra vida... mas acordei para o mundo dos sonhos. E assim consegui dormir, depois de pensar... se um dia estaremos. Eu...você. Então dormi... como a lua que se retira para descansar... sem saber se voltará no dia seguinte.

Von Teschen