Morte, morte, morte, que, talvez, seja o segredo desta vida.
Perpetua em nossas cabeças a ideia de que a morte é o fim, é ruim e só traz dor aos nossos corações. Claro que isto é também uma verdade, é terrível perder alguém, principalmente alguém que amamos, com quem compartilhamos momentos felizes e tristes, a pessoa vai embora e parece levar um pedaço nosso junto com ela, mas o que acontece mesmo é que ela deixa uma parte dela em nós, morreu, mas suas lembranças, memórias dos altos e baixos da montanha russa da vida, refletirão para sempre em nossos pensamentos, se externalizando na forma de lágrimas ou num sorriso sozinho numa tarde de domingo.
Ora, que vamos morrer é um fato, certo? Eu, você, aquele rapaz ali, todos vamos bater as botas, ir pro beleléu, ver papai do céu, partir para uma viagem sem volta... O nosso corpo vai perecer a 7 palmos abaixo da terra, seremos fechados num caixão, rodeados pela completa escuridão e pelo silêncio do solo, para enfim ser decomposto e devorado por vermes até o osso, e na caveira nos eternizaremos. No entanto, este mesmo defunto apodrecido é que vai trazer a vida póstuma, exteriorizada na natureza sob a forma de folhas, plantas, flores, rosas, árvores, água, sol e chuva. No final das contas, o homem e a natureza serão um só, cada animal e cada vegetal; no fim, plantamos, colhemos e comemos a nós mesmos.
O que poucos refletem é que morrer é preciso, que o tempo não pára e que a vida é pura transformação, imagine só a sofridão de viver para sempre! Ver a banalização dos momentos preciosos da vida, ver diversão transformada em ociosidade, amor em amargura... A morte vem para nos levar em nossos tempos áureos, quase como um favor, um favor, no mínimo, inesperado.
O que vem depois da morte não me interessa, talvez não haja nada, talvez seja tudo, acho que o que importa mesmo é viver enquanto se tem vida, depois de morrer teremos tempo de sobra para refletir não é? Ou será que tudo se apaga? Finaliza de vez e no final das contas morremos em vão... Sabe-se lá e não quero nem saber!
Tem morte de todo tipo, morte morrida, morte sofrida, morte matada, morte tardia, morte adiantada, morte vivida, morte corrida; morte, boa noite, morte, bom dia!
A morte ensina a vivenciar o viver como ninguém, se morrêssemos todos os dias, a vida seria desregrada, sem graça, uma desgraça! Aí rogaríamos para morrer de vez, todos os dias.
A morte ensina também que é preciso seguir sempre em frente, que , mesmo que aos poucos, a platéia vá se levantando e saindo do espetáculo, não devemos sair do palco; que mesmo que lhe joguem ovos e tomates, não desmanchemos o sorriso, e que no fim, nos curvemos em agradecimento a todos os que apreciaram nosso show, enquanto a cortina se fecha...