O QUE EU DISSE E CONTINUO DIZENDO

Às vezes, eu penso que todas as pessoas repetem o que todas dizem; que todas as pessoas dizem a mesma coisa; que só mudamos a maneira de dizermos as coisas. Tenho esse tipo de pensamento devido à minha vontade de ser humilde e de não me considerar o único a dizer certas coisas que eu digo. Esse pensamento é verdadeiro somente quando nos referimos a fatos e coisas objetivas; quando nos referimos àquilo que pode ser explicado através de argumentos racionais, ou quando tratamos de assuntos que pertencem a uma fé comum ou coletiva.

No entanto, quando o assunto envolve um aspecto diferente dos aspectos supracitados, eu fico pensando se alguém já disse o que eu disse e continuo dizendo. Eu fico me perguntando se alguém dirá o que eu disse e digo.

Nas minhas palavras não se encontram apenas palavras, mas aquilo que eu sou e desejo ser; aquilo que eu vejo e desejo ver. Nas minhas palavras se encontra a minha interioridade. Nas minhas palavras se encontra uma vida que vive, sente e se expressa de uma maneira indiscutivelmente pessoal.

Às vezes, devido à impossibilidade que eu tenho de alcançar o que desejo alcançar, eu desejo que outro consiga dizer, de outra forma, o que eu já disse e, assim, consiga chegar ao destino ao qual eu não consigo nem conseguirei chegar.

Será que alguém dirá algum dia o que eu já disse? Às vezes, eu penso que isso seja impossível. Cada pessoa é única e irrepetível. Nenhuma pessoa conseguirá ser o que outra é. Todavia, há quem tente se enganar.

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 06/10/2014
Reeditado em 06/10/2014
Código do texto: T4988885
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